“Temos de aguentar a forte turbulência deste momento de crise, fazer os ajustamentos necessários e relançar a economia”, afirmou Ulisses Correia e Silva, ao presidir ao acto de abertura da 24ª edição da Feira Internacional de Cabo Verde, que decorre de ontem a 20 deste mês na Cidade da Praia.
Anunciou que para a retoma económica vão ser reforçadas as medidas de apoio às empresas, no valor de nove milhões de contos de linhas de crédito, além da criação de Fundo de Impacto para apoio às pequenas e médias empresas.
Informou, por outro lado, que vão ser aceleradas as reformas, com especial incidência nos transportes aéreos e marítimos, assim como na gestão dos aeroportos e dos portos marítimos.
O chefe do Governo admitiu ainda que uma das reformas consistirá na revisão do Código Laboral, segurança social, modernização e digitalização da administração pública e na melhoria do Doing Business.
“O País está a viver momentos difíceis, mas é transitório. A economia mundial irá recuperar e a economia cabo-verdiana também”, sublinhou Correia e Silva, acrescentando que numa perspectiva de médio e longo prazo o País privilegia investimentos em “transformações estruturais que tornem a economia mais resiliente e mais diversificada”.
Para o primeiro-ministro, o sector privado terá um “papel relevante” nessas transformações.
Para o chefe do Governo, há “sinais positivos” da retoma da economia e há uma procura externa de Cabo Verde para investimentos.
“Em 2020, foram aprovados novos projectos privados no valor superior a 1.200 milhões de euros”, assegurou, reconhecendo que a retoma da economia se faz num “clima de incerteza e com fortes restrições nas finanças publicas”.
Reiterou que para o presente ano estimativas apontam para um “crescimento económico entre 6,5 e 7,5% “, enquanto para 2022 a previsão é para 6% (por cento).
Por sua vez, o presidente do conselho de Administração da FIC, Jorge Spencer Lima, apelou às autoridades no sentido de doptarem o País de uma Lei laboral “mais flexível”, acrescentando que este sistema “está caduco” e, assim, frisou, “constitui um empecilho ao desenvolvimento de negócios em Cabo Verde”.
Uma outra questão que preocupa os empresários, de acordo com Jorge Spencer Lima, é a problemática dos transportes aéreos e marítimos no arquipélago.
“Temos que resolver definitivamente a questão das ligações marítimas e aéreas no nosso País para que de facto a economia possa crescer e para que as empresas possam desenvolver-se”, indicou o presidente da Câmara do Comércio de Sotavento.
Um outro desafio que lançou ao primeiro-ministro prende-se com a burocracia na administração pública cabo-verdiana.
“É um outro grande empecilho que temos”, lamentou Spencer Lima.
De acordo com a organização, no total vão estar na FIC 2021, 125 empresas, das quais 66 por cento (%) são cabo-verdianas e 34% estrangeiras, para ocupar cerca de 30 stands, distribuídos pela parte interior e exterior do edifício da FIC.
Para além dos expositores cabo-verdianos, estão inscritos expositores de Portugal, que representam 23% das empresas estrangeiras, da Alemanha, dos Estados Unidos da América, da China, da Mauritânia e da Áustria, que juntos representam 11% do total das empresas.
Durante a feira será realizado um conjunto de actividades em paralelas, destacando algumas conferências, simpósios e encontros com entidades governamentais e outras personalidades, com o intuito de reflectir a situação das empresas neste momento e pensar numa forma de “alavanca-las”.
A FIC é hoje o maior evento empresarial/comercial realizado no País. Pretende-se que as feiras sejam para além de um espaço privilegiado de promoção de produtos e serviços, mas também uma janela de atracção de investimentos para Cabo Verde, de visitantes, tanto residentes como não residentes.