“Tivemos três anos consecutivos de seca, tivemos a devastação provocada pela pandemia e, quando já tínhamos algumas indicações de retoma [da economia], vem essa crise que vai provocar uma crise económica mundial”, indicou o chefe de Estado, em entrevista à Rádio de Cabo Verde (RCV).
Para Neves, o aumento do preço da electricidade, das matérias-primas e as dificuldades no acesso ao financiamento para o desenvolvimento prejudica o mundo, o continente africano e, sobretudo, os pequenos estados insulares em desenvolvimento, que são muito mais vulneráveis.
“A retoma económica [em Cabo Verde] será muito mais lenta e mais difícil, tendo em conta o contexto mundial que resulta desta guerra na Europa”, lançou o Presidente da República.
Referindo-se à negociação da dívida cabo-verdiana, apontou que as coisas ficam “mais complicadas”, mas que países como Cabo Verde devem continuar a reivindicar a moratória da dívida, o seu alívio ou reconversão.
“Devemos continuar a trabalhar e a contactar os nossos principais parceiros para que tenhamos menos serviço da dívida e com esse alívio podermos financiar projectos e programas de recuperação da economia”, frisou José Maria Neves.
Instado sobre o gabinete de acompanhamento da guerra na Ucrânia, de que faz parte a Presidência da República, adiantou que o grupo está a seguir a situação, ver os diferentes cenários e avaliar como Cabo Verde deverá posicionar-se.
“Houve o comunicado inicial devidamente articulado com o Governo, designadamente com o senhor primeiro-ministro e com o ministro dos Negócios Estrangeiros”, destacou o mais alto magistrado, acrescentando que o País está a acompanhar o posicionamento da comunidade internacional.
Na sua perspectiva, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia “está para durar, tendo em conta as características que já assumiu neste momento”.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev.
A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.