“Aproveitarmos da melhor forma possível as capacidades que Angola tem, em termos de meios aéreos, de aviões, e as capacidades que Cabo Verde tem em termos de gestão aeroportuária, de gestão de aeronaves, as capacidades que Cabo Verde tem em termos de ter conseguido ao longo dos anos estar certificado a voar para espaços em que Angola não conseguiu”, disse o Presidente angolano, após reunir-se com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, durante a visita de Estado que está a fazer ao arquipélago.
“Vamos juntar as capacidades dos dois países neste domínio da aviação civil e creio que sairemos todos a ganhar com isso”, disse João Lourenço.
No palácio do Governo, o chefe de Estado angolano e o primeiro-ministro cabo-verdiano assistiram à assinatura de um acordo entre as administrações das companhias aéreas estatais dos dois países para cedência, pela TAAG, de um Boeing 737-700, em regime de leasing, à Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), aeronave que chegou hoje à Praia e que vai garantir as ligações de médio curso do arquipélago.
“Pensamos ir mais longe, constituir uma ‘joint-venture’ entre a TAAG e a TACV para, com aeronaves da TAAG, e tendo como base a cidade da Praia ou a cidade do Sal - este detalhe passou-me, o que é importante é que a base será Cabo Verde -, para, a partir daqui, operarmos para várias capitais da região da África ocidental e também dar continuidade não só para a Europa, como para os Estados Unidos da América”, afirmou João Lourenço.
O Presidente angolano reuniu-se ao início da tarde, no Palácio do Governo, na Praia, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva. Na mesma ocasião, na presença de João Lourenço e de Ulisses Correia e Silva, foram assinados documentos jurídicos no domínio dos transportes aéreos, bem como um Acordo de Promoção e Protecção Recíproca de Investimentos, envolvendo os dois governos.
Na mesma cerimónia, que marcou a apresentação das conclusões da reunião da VIII Comissão Mista dos dois países – a primeira em 14 anos – foi ainda assinado um Acordo Bilateral de Serviços Aéreos entre os dois governos, um Memorando de Entendimento sobre os Transportes Aéreos entre os ministérios dos Transportes dos dois países, e um Memorando de Cooperação Técnica entre a Agência de Aviação Civil de Cabo Verde (AAC) e a Autoridade Nacional da Aviação Civil de Angola (ANAC).
“Catorze anos é uma vida. E foi em reconhecimento a esta falha, que importava corrigir, que realizámos esta reunião (…) Os resultados são bons e acreditamos que daqui para a frente o futuro será risonho para os nossos dois países”, disse João Lourenço.
Ulisses Correia e Silva sublinhou o “sentido pragmático” dos novos entendimentos com Angola, que pretendem criar um “clima favorável” aos investimentos entre os dois países.
“Nós estamos fortemente interessados em fazer com que esta caminhada seja passo a passo, com segurança, com ambição e com resultados. E em várias outras áreas”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
“Se no sector dos transportes conseguimos num curto espaço de tempo dar passos muito concretos, com resultados que vamos começar a ver nos próximos dias, o mesmo não se passa com outros domínios de cooperação, que gostaríamos também de desenvolver. Temos de aprender com os nossos ministros dos Transportes, como é que eles conseguiram esta proeza de tornar realidade um velho sonho e alargá-lo para outros domínios. Para o domínio do turismo, do transporte marítimo e outros, da Administração Pública”, afirmou, por seu turno, João Lourenço.
O chefe de Estado angolano chegou no domingo à Praia e iniciou hoje o programa oficial da visita de Estado a Cabo Verde, retribuindo a que foi realizada em Janeiro último por José Maria Neves, a Luanda.
Esta terça-feira João Lourenço viaja para São Vicente, onde vai visitar pontos de interesse económico, como a empresa de conservação de pescado Frescomar e a Estação de Produção de Água dessalinizada, além de receber as chaves da cidade.
A partida de Cabo Verde, a partir de São Vicente, está prevista para quarta-feira.