Estas afirmações foram feitas, neste segundo dia da segunda sessão plenária de Abril, pela deputada do PAICV, Adelsia Almeida, na interpelação política do seu partido ao Governo sobre Políticas Públicas para a Educação.
“Em Cabo Verde a ambição de um ensino de qualidade foi um traço permanente da construção da nossa cidadania, e ao longo da nossa história a educação tem sido considerada factor decisivo para desenvolvimento de uma sociedade mais justas e com principal instrumento de combate à pobreza e a exclusão social. Contudo em Cabo Verde, nos últimos anos, é público que o sistema educativo, padece de mazelas graves”, disse.
A deputada apontou o que considera “mazelas graves” do actual sistema educativo, a implementação do sistema de passagem automática até o 4º, segundo Adelsia Almeida, tem aumentado de forma exponencial o número de aluno com dez ou mais anos de idade, que não dominam o básico da leitura e escrita e da matemática.
Por outro lado, PAICV aponta que o ministério da educação não tem qualquer estratégia pedagógica para combater a “alta taxa de repetência” no quarto ano de escolaridade, relegando assim milhares de crianças e adolescentes a turmas superlotadas de alunos repetentes, até que estes abandonem por falta de motivação a escola sem que o ministério apresente qualquer alternativa viável para a alfabetização dos mesmos.
“Este desaire que estamos assistir no sistema educativo é resultado de uma revisão curricular, no básico e no secundário, que fracassou com a introdução de novas disciplinas sem professores formados e disponíveis para ministrá-las. Elaboração de novos programas curriculares sem auscultar a comunidade educativa, introdução de manuais com erros de palmatórias e pouco atractivos, sendo que no ensino secundário eles escasseiam. A introdução de um sistema de avaliação, que muitos consideram basear-se em facilitismo”.
O PAICV considerou ainda um “tombo” do governo o agrupamento de escolas, que segundo a deputada Adelsia Almeida, aconteceu sem estudo prévio e sem auscultar os principais actores educativos e sem um modelo claro e projectos educativos específicos.
Adelsia Almeida questionou ainda a quando será resolvida as questões da classe docente do país, sublinhando que os professores estão saturados de conversas que não estão a traduzir em atitudes para fazer face a longa espera pela reclassificação, promoção automática, subsídios e a implementação de um plano salarial mais justo.
“Senhor ministro, a resolução das longas pendências dos heroicos professores cabo-verdianos é um imperativo nacional. Portanto, será este ano, como prometeu, que todas as pendências e dívidas com a classe docente serão resolvidos? Onde está o cronograma da resolução das pendências? Há verbas? O senhor inscreveu este montante no Orçamento de 2023? Pois já estamos em 2023”