Numa mensagem alusiva ao Dia Internacional do Trabalhador, que se celebra hoje, o chefe de Estado lembrou que “a persistente inflação vem degradando de forma continuada o poder de compra dos trabalhadores”, sendo que em muitos casos o salário “já não cobre as necessidades básicas”, servindo “apenas para sobreviver”.
“Os trabalhadores cabo-verdianos já deram bastas provas da sua capacidade de resiliência e de superação, e ultimamente já consentiram muitos sacrifícios e perdas e anseiam pela recuperação dos seus rendimentos e do poder de compra, para benefício das suas famílias, o que só acontecerá na sequência de um impulso mais forte na economia, revitalizando-a”, referiu.
Segundo disse, o cenário actual é também de “acentuado desemprego” e de “precarização dos empregos”, com “muitos trabalhadores a sentirem-se desamparados, com as suas famílias a passarem por muitas dificuldades”, sendo que estas circunstâncias adversas têm “penalizado” os cabo-verdianos, principalmente as mulheres chefes de família, que são as mais pobres de entre os pobres de um “País empobrecido”.
Apontou que a deficiente conectividade entre as ilhas tem constituído em “um factor inibidor do desenvolvimento” do arquipélago, quadro esse que, no seu entender, “reduz drasticamente” a actividade económica, “cerceando as potencialidades de negócios, enfraquecendo a dinâmica de comércio e com todos os efeitos negativos daí advenientes”.
Por outro lado, admitiu que perante o contexto de conjuntura, os trabalhadores devem reconhecer que é necessário um “djunta mon” na defesa das conquistas e dos direitos, com vista à superação deste “momento mais difícil”, da defesa de uma vida mais digna e que chegaram a este estádio de desenvolvimento graças ao fruto do trabalho abnegado de sucessivas gerações de cabo-verdianos e nas mais diversas áreas.
“Nesta data emblemática para a classe trabalhadora, e quando a precaridade laboral ganha terreno, o papel dos sindicatos adquire uma relevância particular, e quanto mais unidos estiverem os trabalhadores, inscritos em sindicatos, e quanto mais fortes forem esses sindicatos, tanto melhor os interesses dos trabalhadores serão defendidos”, constatou.
Para o Neves. caberá aos trabalhadores ter a plena consciência desse facto, e, aos sindicatos, o pragmatismo para “evitar atritos e falsas divergências”, concentrando-se na defesa dos direitos dos trabalhadores.
O chefe de Estado disse ainda compreender o actual estado de espírito dos trabalhadores em Cabo Verde e o facto de terem escolhido o dia de hoje para realizarem algumas acções e expressarem sentimentos de preocupação, tendo em conta a situação presente e as perspectivas para o futuro.
“Apesar do retrato da realidade não corresponder ao que seria desejável para uma grande franja dos trabalhadores, estes devem ter consciência da sua força e das vantagens da sua união, mantendo sempre a esperança de que sejam implementadas políticas mais afirmativas, e que melhores dias virão”, concluiu.
O Dia do Trabalho ou Dia Internacional do Trabalhador é comemorado anualmente no primeiro dia do mês de Maio em diversos países do mundo.
Esta data representa o momento que os empregados e os empregadores têm para refletir sobre as legislações trabalhistas, normas e demais regras de trabalho.
Nesta data também é homenageada a luta dos trabalhadores que reivindicavam por melhores condições trabalhistas. Graças à coragem e persistência dessas pessoas, os direitos e benefícios atuais dos quais usufruímos foram conquistados.