Marcelo Rebelo de Sousa inicia hoje visita de três dias a Cabo Verde

PorExpresso das Ilhas, Lusa,30 abr 2024 8:18

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, inicia hoje uma visita a Cabo Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação dos presos do Campo do Tarrafal, símbolo da violência da ditadura colonial portuguesa.

O programa, divulgado pela Presidência cabo-verdiana, arranca às 17:00 com uma visita à Feira do Livro, na Praia, na qual Marcelo Rebelo de Sousa será recebido pelo seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves.

Logo a seguir, os dois chefes de Estado visitam a exposição "50 Anos de Abril - Antes e Depois", no Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde.

Marcelo Rebelo de Sousa termina o dia com uma recepção à comunidade portuguesa.

O dia 01 de Maio será passado por inteiro no antigo campo do Tarrafal, hoje Museu da Resistência, palco central das comemorações, em que participam ainda o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e um representante do Presidente de Angola, completando assim o leque de quatro países de origem dos presos políticos.

O programa inclui o descerramento de uma placa comemorativa, uma sessão especial com os chefes de Estado e uma conferência sobre o campo do Tarrafal pelo historiador Victor Barros.

À tarde, os presidentes realizam uma visita guiada ao campo e as comemorações do dia terminam com um concerto com Mário Lúcio (Cabo Verde), Teresa Salgueiro (Portugal), Paulo Flores (Angola) e Karyna Gomes (Guiné Bissau), com entrada livre.

O programa do Presidente português para quinta-feira, em Cabo Verde, está ainda em finalização.

Um total de 36 pessoas foram mortas pela ditadura colonial portuguesa no campo de concentração do Tarrafal.

A maioria, 32 mortos, eram portugueses que contestavam o regime fascista, presos na primeira fase do campo, entre 1936 e 1956.

O campo reabriu em 1962 com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde – altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses.

Ao todo, mais de 500 pessoas estiveram presas no "campo da morte lenta".

Marcelo Rebelo de Sousa chega a Cabo Verde nove dias depois de Luís Montenegro, primeiro-ministro português, ter escolhido o país para a sua primeira visita oficial fora da Europa, uma viagem em que destacou projectos conjuntos de formação de mão-de-obra do arquipélago, parte da qual tem encontrado trabalho em Portugal.

Foram também prometidas melhorias, nos próximos dois meses, no agendamento de vistos de entrada em Portugal.

Portugal vai acolher a próxima cimeira bilateral com Cabo Verde a 19 de Novembro, a par da qual deverá ser realizado um fórum de negócios para estabelecer pontes entre empresários dos dois países.

Ao nível das trocas comerciais, Portugal é a principal origem das importações do arquipélago e está entre os principais destinatários das exportações.

Os dois países querem também dar continuidade, após 2025, ao programa de troca de dívida cabo-verdiana por investimento climático, que têm apresentado como exemplo para o mundo.

A primeira fase de 12 milhões de euros está a ser implementada, vai ser avaliada e o Governo cabo-verdiano espera poder ir convertendo os 140 milhões de euros de dívida a Portugal, à medida que esta for vencendo.

Cabo Verde é apontado como "exemplo de estabilidade política e democrática em África", sendo um dos países com que Portugal "tem um relacionamento bilateral mais estreito e abrangente", apontou Montenegro, dias antes da chegada de Marcelo Rebelo de Sousa à cidade da Praia.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,30 abr 2024 8:18

Editado porAndre Amaral  em  20 nov 2024 23:25

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