Cabo-verdianos sentem cada vez menos que políticos respondem às suas necessidades

PorExpresso das Ilhas, Lusa,22 mai 2024 17:00

Cada vez menos cabo-verdianos têm percepção de que os políticos respondam às suas preocupações e necessidades, de acordo com um inquérito divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) do arquipélago.

“Estima-se que 14,2% da população com 18 anos ou mais tem a percepção de que os políticos respondem às preocupações e necessidades da população”, lê-se no boletim do terceiro inquérito sobre Governança, Paz e Segurança, referente a 2023.

Aquela percentagem diz respeito a quem respondeu que os políticos respondem “muito” ou de forma “suficiente”, enquanto uma maioria de 85,2% sente que os políticos “não respondem” ou “pouco” atendem às necessidades.

Em relação aos inquéritos anteriores, “os dados mostram que esta percepção [de resposta pelo menos suficiente] tem diminuído nos últimos anos, passando de 17,1%, em 2013, para 15,7% em 2016 e 14,2%, em 2023”.

Cabo Verde tem cerca de 500.000 residentes e entender a percepção da população sobre se os políticos atendem às suas preocupações e necessidades “é crucial por várias razões”, entre elas, a legitimidade democrática, a participação cívica e a construção de confiança, lê-se no boletim.

“Conhecer e entender a percepção da população sobre se os políticos respondem às suas necessidades é fundamental para fortalecer a democracia, promover o desenvolvimento sustentável e garantir a harmonia social”, acrescenta-se no documento.

O mesmo inquérito mostra que a percentagem da população que procura os estabelecimentos públicos, bem como o nível de confiança nestes, está a diminuir desde 2013.

As instituições de educação recebem maior nível de confiança da população (acima de 66%), seguindo-se a saúde e a segurança social, que detêm um nível de confiança acima de 50%.

“Todas as outras instituições questionadas têm um nível de confiança abaixo de 50%”, incluindo tribunais e procuradorias, polícia, serviços municipais, autoridades fiscais e aduaneiras e representantes do Governo.

Menos de metade da população (39,8%) considera os processos de tomada de decisão na governação “inclusivos e adequados”.

Da análise dos dados do inquérito, constata-se ainda que 46,6% da população declarou estar satisfeita ou muito satisfeita com a forma como a democracia tem funcionado em Cabo Verde - ainda assim, face ao inquérito de 2016, “registou-se uma diminuição de 18 pontos percentuais e de 15,9 pontos percentuais em relação aos dados de 2013”.

O boletim indica ainda que 16,5% dos inquiridos “tiveram pelo menos um contacto com os serviços municipais, e, destes, 35,2% expressam a sua confiança nestas entidades”.

O inquérito baseou-se numa amostra de 4.962 agregados familiares, sendo que em cada agregado foi inquirido apenas um indivíduo com pelo menos 18 anos, cobrindo os 22 concelhos de Cabo Verde, entre Outubro e Dezembro de 2023.

O trabalho faz parte de uma estratégia de harmonização de estatísticas em África sobre governação, paz e segurança numa iniciativa conjunta da União Africana (UA), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA, na sigla inglesa),

Pretende-se ainda monitorizar o cumprimento das aspirações da agenda 2063 da UA e dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,22 mai 2024 17:00

Editado porAndre Amaral  em  23 mai 2024 14:35

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