O governante fez esse apelo ao presidir à cerimónia de abertura do 2.º Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, em Lisboa, subordinado ao tema “Multipolaridade, Geoeconomia e Lusofonia”, que contou com presença dos representantes de todos os países lusófonos.
“Qualquer espaço colectivo, que envolve várias nações, vários países, como é a CPLP, mas com espaço ancorado na língua e na cultura, tem um potencial enorme. Mas esse potencial só se manifesta, cresce, se amplifica se os talentos [humanos, capital e tecnologia] tiverem possibilidade de circular livremente ao nível de todo o espaço da CPLP”, enfatizou.
De acordo com as informações avançadas pela Inforpress, o governante sublinhou que enquanto houver barreiras à livre circulação de professores, bens e capitais, ao nível da CPLP, “não se pode falar de uma verdadeira comunidade”, acrescentando que a ausência de mobilidade entre artistas, empresários, gestores e jovens com talento profissional limita as oportunidades da comunidade.
“Muitas dessas questões já deviam estar resolvidas, mas há interesses particulares de cada um dos Estados. É preciso uma liderança forte e vontade política para fazer acontecer”, reforçou Olavo Correia, sublinhando que essas restrições à livre circulação, muitas vezes até abusivas, o que faz com que se continue a ter “um espaço minguado, que funciona a meio gás”.
O ministro, que na sua intervenção abordou a UE, a Multipolaridade e a Lusofonia, destacou ainda o “papel crucial” da CPLP como uma “âncora económica” para os países membros e como uma forma de afirmar a língua portuguesa a nível mundial.
Segundo ele, é preciso uma CPLP “mais forte, mais produtiva e mais competitiva”, algo que só será possível se for garantida a livre circulação de bens, de pessoas, de capitais e de talentos ao nível de todo o espaço da CPLP.
Olavo Correia defendeu a criação de um mercado de emigração regulado, argumentando que a formação de jovens qualificados é vantajosa tanto para o mercado da CPLP quanto para os mercados europeus e mundiais.
“Nós temos jovens altamente capacitados, que não trabalham apenas na CPLP, que podem trabalhar no mundo inteiro. E isso é bom para eles, é bom também para a CPLP e é bom para os nossos países”, declarou, sustentando que Cabo Verde está disponível para começar com um centro de excelência para servir toda a comunidade na formação dos jovens.
O vice-primeiro-ministro pediu uma “acção decisiva” da CPLP, afirmando que “o mais grave que existe em relação a este espaço é permitir e não entregar, criar o hiato entre as promessas e aquilo que vai sendo concretizado”, o que faz com que as pessoas comecem a perder a confiança.
“Se as pessoas perderem a confiança, então fica terminada toda a nossa narrativa e isso é péssimo. Por isso, nós temos que permitir e entregar com rapidez. É preciso trabalhar para estar sempre presente neste espaço e ter uma liderança firme, dar o exemplo, como estamos a dar, para que outros países possam seguir e possamos ser um país [Cabo Verde] útil aos nossos concidadãos, à CPLP, mas também um país de paz e de relevância para a humanidade”, considerou.
O evento, coorganizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Associação Lusófona de Economia (Alecon) e a Ordem dos Economistas, terá a sessão de encerramento presidida pelo Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que vai falar sobre o tema “O triângulo UE, África e América Latina”, com intervenção anterior do ministro da Economia de Portugal, Pedro Reis.
O encontro tem também a participação do economista cabo-verdiano José Luís Mascarenhas Monteiro, que vai falar no painel sobre “O papel das instituições representativas dos economistas”, e do governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, no painel sobre “O papel da CPLP na economia global”.