Numa conferência de imprensa com directores de agências noticiosas internacionais, em São Petersburgo, Vladimir Putin garantiu que o seu Governo "nunca se intrometeu, não se intromete e nunca se intrometerá em nenhuma eleição".
Desta forma, Putin respondeu ao relatório do procurador especial norte-americano Robert Mueller, que recentemente apresentou provas dessa interferência, acusando 12 agentes de inteligência militar russa de invadir o correio electrónico de membros do Partido Democrata e de usarem contas falsas nas redes sociais, para influenciar o voto dos eleitores.
"Na Rússia temos a Internet. E os cidadãos russos (...) naturalmente reagem. Exprimem o seu ponto de vista (sobre os candidatos presidenciais nos EUA). Devemos proibir isso? Nos vossos países proíbem os vossos cidadãos de fazer isso sobre a Rússia?", inquiriu o Presidente russo, sobre a hipótese de utilizadores russos terem difundido opiniões sobre as eleições de 2016 nos EUA.
Em tom de contra-ataque, Putin acusou os EUA de interferirem na Venezuela e pediu para que se adoptem "regras comuns", para evitar a tentação de os governos se imiscuírem na vida política de outros países.
"Acordemos regras comuns, estabeleçamos um sistema de controlo, de verificação, de trabalho conjunto", desafiou o Presidente russo.
Sem dizer que tal é impossível, Putin disse duvidar que haja muitos países a aceitar essas regras, porque "querem conservar em seu poder as ferramentas" de interferência, mas "negam aos outros o direito a usar esses instrumentos".
"As coisas não se fazem assim internacionalmente. Na arena internacional os problemas são resolvidos através do diálogo, tendo em conta os interesses dos outros", afirmou o Presidente da Rússia, na conversa com os directores das agências noticiosas.
Putin disse mesmo que já tinha testado esta ideia junto do Governo do então Presidente norte-americano Barack Obama, mas sem sucesso.
E pegou no tema da atitude da Casa Branca para repetir as acusações de interferência norte-americana na crise venezuelana.
Putin disse que as sanções dos EUA contra a Venezuela estão a atingir directamente os cidadãos e concluiu que "a crise venezuelana deve ser resolvida pelo povo venezuelano", criticando a tentação de uma intervenção externa.
Putin confirmou que tem apoiado o Presidente eleito da Venezuela, Nicolas Maduro, mas disse que se sente "absolutamente neutro" relativamente ao líder da oposição, Juan Guaidó, descrevendo-o como uma "pessoa simpática", mas cujas reivindicações podem prejudicar o seu próprio país.