Pelo menos 19 mil refugiados chegaram à Arménia

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 set 2023 14:18

Pelo menos 19.000 refugiados procedentes da região de Nagorno-Karabakh entraram na Arménia, segundo uma nova contagem hoje anunciada por um alto responsável arménio, em pleno êxodo de civis do enclave separatista agora controlado pelo Azerbaijão.

"Até agora, 19.000 pessoas deslocadas à força chegaram à Arménia vindas de Nagorno-Karabakh", declarou na televisão o vice-primeiro-ministro arménio, Tigran Khatchatrian.

A 19 de Setembro, o Exército azeri lançou uma ofensiva sobre as posições arménias no enclave, classificando a ação como "operação antiterrorista" e exigindo que os arménios depusessem as armas e que o Governo separatista (no poder 'de facto' desde 1994) se dissolvesse.

Um dia depois, as autoridades de Nagorno-Karabakh concordaram com as exigências militares, mas as conversações sobre a forma como a região virá a ser integrada no Azerbaijão não foram conclusivas.

Uma semana após a ofensiva azeri naquela região secessionista do Cáucaso, milhares de habitantes estão a tentar fugir e atravessar para a Arménia.

Hoje de manhã, o Governo arménio tinha anunciado ter já acolhido mais de 13.000 refugiados de Nagorno-Karabakh, enquanto um fluxo constante de veículos transportando famílias e os seus pertences empilhados nos tejadilhos se concentra junto do último posto de controlo fronteiriço azeri antes de entrar em território arménio, através do corredor de Latchin. Alguns atravessam a pé.

"Eles expulsaram-nos", disse um homem ao passar em frente aos soldados azeris.

Na segunda-feira, o presidente azeri, Ilham Aliev, tinha reiterado a promessa de que os direitos da população arménia do enclave seriam "garantidos".

O chefe de Estado azeri falava ao lado do homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, actor central na região, apenas alguns dias após a vitória das forças azeris sobre as tropas da autoproclamada "república" de Nagorno-Karabakh -- anexada em 1921 ao Azerbaijão pelo poder soviético.

A União Europeia (UE) recebe hoje em Bruxelas altos representantes da Arménia e do Azerbaijão, duas antigas repúblicas soviéticas que se confrontaram militarmente em Nagorno-Karabakh entre 1988 e 1994 (30.000 mortos) e no outono de 2020 (6.500 mortos). O balanço da invasão relâmpago da semana passada é de 200 mortos, segundo a parte arménia.

Simon Mordue, principal conselheiro diplomático do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, presidirá a este encontro na capital belga. O Azerbaijão e a Arménia, bem como França e a Alemanha, serão representados pelos respectivos conselheiros nacionais para a segurança. E o representante especial da UE para o Cáucaso do Sul, o diplomata estónio Toivo Klaar, participará também.

Por sua vez, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, e o presidente azeri reunir-se-ão a 05 de Outubro em Granada, Espanha, com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, do chanceler alemão, Olaf Scholz, e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel -- um encontro há muito agendado e que não foi cancelado.

O Azerbaijão comprometeu-se a permitir que os rebeldes que entreguem as armas vão para a Arménia.

Muitos temem que os arménios fujam em massa de Nagorno-Karabakh à medida que as forças do Azerbaijão se vão impondo. Além da angústia que reina entre os cerca de 120.000 habitantes, a situação humanitária é precária.

O afluxo à Arménia de refugiados do enclave originou enormes engarrafamentos na única estrada que liga a capital da região secessionista, Stepanakert, àquele país.

Na semana passada, Pachinian anunciou que o seu país, de 2,9 milhões de habitantes, se preparava para acolher 40.000 refugiados.

Por seu lado, a Rússia, que vê o Cáucaso como seu território e deslocou há três anos para o enclave montanhoso uma força de manutenção da paz, após uma breve ofensiva do Azerbaijão, rejeitou na segunda-feira firmemente as críticas de Pachinian, que a acusou de ter abandonado a sua aliada.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 set 2023 14:18

Editado porAndre Amaral  em  14 jun 2024 23:27

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