Na ocasião, o Senhor Wang Yi, Conselheiro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, publicou um artigo e apontou que desde a criação do FOCAC, a China e a África começaram a ter a sua própria plataforma de diálogo coletivo e mecanismos de cooperação pragmática, inaugurando um novo capítulo nas relações sino-africanas. O FOCAC reforçou as interações de alto nível e a confiança política entre a China e a África, dando um salto de "nova parceria" e "nova parceria estratégica" para "parceria estratégica de cooperação abrangente" . A cooperação China-África tem obtido resultados impressionantes. Em 2019, o estoque de investimento direto da China na África chegou a US$ 49,1 bilhões, quase 100 vezes mais que no ano de 2000; o comércio da China com a África alcançou US$ 208,7 bilhões, 20 vezes o montante do ano 2000. A China é o maior parceiro comercial do continente africano por 11 anos consecutivos, contribuindo com mais de 20% para o crescimento do mesmo por vários anos. Essa cooperação tem tido sucesso em todos os sentidos, com resultados importantes especialmente na ciência, educação, cultura, saúde, intercâmbio de pessoas, paz e segurança, entre outras.
O Presidente chinês Xi Jinping já fez quatro visitas à África desde 2013, tendo promovido a construção da comunidade China-África mais forte com um futuro compartilhado e dado um forte impulso às relações entre as duas partes. Em 2015 e 2018, os chefes chineses e africanos convocaram duas cimeiras históricas do FOCAC: uma em Joanesburgo e outra em Pequim. Em Junho de 2020, a Cimeira Extraordinária China-África de Solidariedade contra a COVID-19 foi realizada num momento crítico do combate ao coronavírus. Com o passar do tempo, os laços sino-africanos vêm sendo reforçados, com a base política progressivamente consolidada, cooperação pragmática frutífera, intercâmbio entre pessoas mais dinâmico do que nunca e maior apoio mútuo. A cooperação económica e comercial entre a China e África cresce a uma velocidade jamais vista, demonstrando as seguintes principais mudanças estimulantes: de governo-orientado para mercado-orientado; do comércio de bens para a cooperação industrial e da engenharia com base em contratos para investimentos e operações. Juntos, os dois lados elaboraram e implementaram os “Dez Planos de Cooperação” e “Oito Iniciativas Principais”, ascendendo a cooperação a patamares mais elevados. E alinhados com a auspiciosa iniciativa Faixa e Rota, a cooperação China-África progride com um forte ímpeto: até agora, 44 países africanos e a Comissão da UA ratificaram protocolos com a China no quadro da Faixa e Rota. Além do mais, a China já forneceu cerca de 120.000 bolsas governamentais para países africanos, criou 61 Institutos Confúcio e 44 Salas de Aula Confúcio em colaboração com 46 países africanos, enviou 21.000 médicos e enfermeiras para 48 países africanos que trataram cerca de 220 milhões de pacientes africanos e estabeleceu relações de cidades irmãs com 150 cidades africanas. Todos esses esforços vêm reforçando a base popular da amizade China-África. No combate ao Ébola e à COVID-19, a China e África ficam lado a lado. Quanto às questões que envolvem interesses centrais e principais preocupações, China e África reafirmam o apoio mútuo. E em matéria de paz e segurança, a cooperação vem sendo aprofundada. E no cumprimento do compromisso internacional, os dois países estão fortemente empenhados na defesa do multilateralismo e na salvaguarda tanto da ordem e sistema internacional orientado pelas Nações Unidas, como dos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica e outras normas básicas que regem as relações internacionais, tendo efetivamente protegido os interesses comuns dos países em desenvolvimento e os interesses gerais de toda a comunidade internacional.
O FOCAC resistiu ao teste do cenário internacional volátil e obteve conquistas históricas, pelo que se serve de fonte de aspiração para maior crescimento das relações sino-africanas. À luz disso, precisamos de buscar solidariedade, consulta e cooperação; espírito ganha-ganha para o desenvolvimento; ajuda mútua em tempos difíceis; a abertura e a inclusão na cooperação. A China é o maior país em desenvolvimento e o continente africano abriga o maior número de países em desenvolvimento. Quando a voz de 2,6 bilhões de pessoas da China e da África for ouvida e respeitada, o mundo terá verdadeira igualdade e justiça. Tratamos sempre as relações China-África como parte adjacente da cooperação sul-sul. O FOCAC, composto pela China e 53 países africanos e mais a UA, não é de forma alguma “um para 54”, mas sim “54 mais um”. A China nunca interfere na exploração por parte dos países africanos do caminho de desenvolvimento que corresponde às suas próprias realidades nacionais, nunca impõe a sua vontade aos outros, nunca atribui nenhuma pré-condição política nas assistências. O papel estratégico do FOCAC vem sendo incrementado, e assim como os laços bilaterais da China com cada Estado-Membro do Fórum, fazendo com que o mecanismo do Fórum e a cooperação bilateral possam se complementar na formação de uma forte rede de parcerias. O Fórum tem aumentado significativamente o perfil internacional das relações sino-africanas e configura-se como uma bandeira para a cooperação sul-sul e a cooperação da comunidade internacional com a África. Colocando sempre a cooperação e o desenvolvimento como prioridades do FOCAC, aproveitamos ao máximo as nossas vantagens, como a grande complementaridade entre as nossas economias e estágios de desenvolvimento e lançamos um pacote de plano de ações cada três anos, fazendo do FOCAC um mecanismo de cooperação realmente produtivo e eficaz. Em meio à epidemia do Ébola que surgiu na África Ocidental em 2014, os profissionais médicos chineses arriscaram-se a chegar às regiões mais atingidas, deixando uma marca indelével na história da assistência humanitária da China. Diante da COVID-19 que atingiu todo o mundo inesperadamente e com grande intensidade, a China e a África voltaram a ficar ombro a ombro para superar os desafios. O que aconteceu demonstra que a China e a África são mais que apenas parceiros. Somos camaradas de armas e o FOCAC torna-se o impulsionador para a amizade duradoura China-África. A cooperação da África com a China melhorou a sua capacidade de desenvolvimento e ambiente de negócios, o que por sua vez criou condições favoráveis a outros países que intendam desenvolver cooperação com o continente. Nos últimos anos, a China tem tido engajamento forte na cooperação trilateral e multilateral relacionada à África e prosseguiremos neste sentido.
Quando o FOCAC completou os 20 anos, o mundo atravessa mudanças nunca vistas no decurso do último século. A China e a África são bons amigos, parceiros e irmãos e, mais importante, elemento fundamental para a promoção da paz e desenvolvimento mundial. Assim sendo, precisamos de trabalhar juntos para fazer do FOCAC um maior sucesso e aprofundar ainda mais as nossas relações. Nesta perspetiva, a China e a África podem e devem ser um novo exemplo brilhante na construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade e novo modelo na cooperação internacional do combate à pandemia, e desencadear maior potencial na cooperação prática. Precisamos de manter o ímpeto de intercâmbio de alto nível, compartilhar mais experiências de governança, estreitar o vínculo entre os povos chinês e africano e continuar a elevar a parceria estratégica da cooperação abrangente. Precisamos intensificar o apoio mútuo nas questões que envolvem os interesses centrais e principais preocupações de cada um e manter comprometidos com o multilateralismo. Com esses esforços, faremos do relacionamento China-África pioneiro e exemplo brilhante na construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.
Cabo Verde tem sido sempre um participante e contribuidor ativo para o desenvolvimento do Fórum de Cooperação China-África. Em 2000, Cabo Verde enviou uma delegação a Pequim, China, para participar na primeira reunião ministerial do FOCAC. Em Novembro de 2006, o ex-Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, foi convidado a participar na Cimeira de Pequim do FOCAC e teve encontro com o ex-Presidente da China, Hu Jintao. Em Dezembro de 2015, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, participou da Cimeira de Joanesburgo do FOCAC na África do Sul e encontrou-se com o Presidente da China, Xi Jinping. Em Setembro de 2018, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva, foi convidado para participar da Cimeira de Pequim do Fórum e manteve conversações bilaterais com o presidente Xi. Como membro da grande família africana, Cabo Verde experimentou cada etapa do estabelecimento e desenvolvimento do Fórum de Cooperação China-África e deu contribuições valiosas, que a China muito aprecia. Há 20 anos, no quadro da orientação estratégica do Fórum de Cooperação China-África, a cooperação bilateral de excelência entre a China e Cabo Verde tem sido ampliada e aprofundada. Os laços da China e Cabo Verde é um dos beneficiários do mecanismo do Fórum.
Sendo um diplomata chinês que tem trabalhado na África há muito tempo, testemunhei pessoalmente o processo completo do Fórum, desde a sua conceção até o estabelecimento em 2000, e participei das atividades atinentes às três Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo do Fórum. Na qualidade de Embaixador da China em Cabo Verde, acompanhei o Presidente Jorge Carlos Fonseca a participar na Cimeira de Joanesburgo do FOCAC na África do Sul. E também estive presente como membro da delegação chinesa, no encontro do Presidente chinês, Xi Jinping, com o Primeiro-Ministro cabo-verdiano, José Ulisses Silva, durante a Cimeira de Pequim do FOCAC em 2018. Foi durante aquele evento que a China e Cabo Verde assinaram documentos relevantes para a construção conjunta da “Faixa e Rota”. E a partir daí, a relação da China e Cabo Verde entrou num novo estágio de desenvolvimento.
Com o crescimento do Fórum de Cooperação China-África, as relações de amizade e cooperação entre a China e Cabo Verde enfrentam novas oportunidades de desenvolvimento. 2021 marca o 45º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, um dos momentos importantes da história das relações bilaterais. Acreditamos que, com o aumento da coesão e da influência do Fórum e mais avanços na construção de uma comunidade mais estreita da China e África com um futuro compartilhado, daremos maiores passos no caminho do desenvolvimento da amizade tradicional entre a China e Cabo Verde a partir do novo ponto de partida histórico.