Pela grandeza dos músicos, optei por me deixar levar. Tinha apenas uma certeza comigo: ia dar a bom porto…e assim foi.
Dois músicos, seres musicais, um palco (casual), paixão, alma, e sobretudo o que ambos defendiam: a música como facilitadora do processo de comunicação...talvez um pouco mais: a música definida como uma forma de comunicação, uma comunicação que na verdade é a forma mais “básica da quase toda a arte”.
De forma simples, sem definições “endeusadas” desta forma de arte, quase que uma maneira de estar na vida.
No princípio do encontro N`Du elucidou o momento, comparando-o com o encontro de duas pessoas numa rua, que se falam e interagem. Assim, este encontro seria de dois músicos, que também se comunicam, só que noutra linguagem: a música. Contudo, o propósito dos dois momentos é comunicar.
As técnicas individuais de cada um dos intervenientes são já conhecidas. Arriscamo-nos a dizer que estávamos perante o expoente máximo de cada um dos instrumentos presentes – Guitarra e Percussão.
Contudo, parte da preocupação do duo era construir um discurso… (“de que vale ter a técnica se não conseguimos passar à forma”)…discurso esse que partia do palco para os ouvintes…num quase dar e receber…puro, apaixonado, com enorme saber e sobretudo humildade.
A música fluiu, contaram-se estórias, onde os dois músicos eram personagens que se revezavam, e iam comunicando com o público, que a dado momento quis participar no enredo das estórias contadas, elevando assim a música ao seu estado mais puro e…simples!
…e como a música de Cabo Verde precisa destes momentos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 843 de 24 de Janeiro de 2017.