Candidatura de escritos de Amílcar Cabral à Memória do Mundo não é uma competição

PorExpresso das Ilhas, Lusa,13 jun 2018 7:34

Pedro Pires
Pedro Pires

​O presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, disse terça-feira que a instituição não está em competição para candidatar os escritos do líder histórico da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde ao programa "Memória do Mundo", da UNESCO.

"A Fundação Amílcar Cabral não está em competição com ninguém, eu particularmente não estou. Estou a trabalhar pela memória, pelo valor de Amílcar Cabral e de todos aqueles que poderem apoiar-nos, muito bem", disse Pedro Pires à agência Lusa, na cidade da Praia, à margem do lançamento do livro "As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação". 

O presidente da Fundação regia às declarações do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, que disse na semana passada que a candidatura dos escritos de Amílcar Cabral ao programa "Memória do Mundo" da Organização das Nações Unidas para a Educação é um processo que "só poder ser conduzido" pelo seu Ministério e pela Comissão cabo-verdiana da UNESCO.

Nas declarações à Lusa, Pedro Pires salientou que não ouviu as declarações de Abraão Vicente e que a forma como se pronunciou sobre a matéria, mas lembrou que a Fundação Amílcar Cabral (FAC) já contactou várias autoridades, entre elas a Presidente da República, o Governo, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e a secretária da Comissão da UNESCO para Cabo Verde.

Pedro Pires sublinhou que se trata de uma iniciativa da FAC, mas que vai falar com outras entidades.

"É uma iniciativa da Fundação Amílcar Cabral e se se fala nisso agora é porque houve essa iniciativa, inclusive fizemos diligências junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e vamos fazer diligências junto de outras entidades para que isso aconteça e seja um sucesso", declarou. 

Para isso, espera contar também com outras entidades cabo-verdianas, bem como com a Guiné-Bissau, para combater a "desmemória e o esquecimento". 

"Amílcar Cabral é uma personalidade que ultrapassa Cabo Verde e a Guiné-Bissau para se espraiar na África e no mundo. Portanto, é uma figura que pertence a todos nós e tudo o que fizermos para o seu conhecimento, para afirmação dessa figura histórica, o símbolo da nossa soberania, da nossa vontade, da independência e sobretudo da nossa dignidade, todos somos chamados a contribuir para que assim seja e que o nosso país também se afirme tendo referências, em que a referência maior é Amílcar Cabral", afirmou Pedro Pires.  

A inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no programa "Memória do Mundo", da UNESCO, é um dos desafios da FAC para o biénio 2018-2019, que considera que mais do que um desejo, é uma "necessidade histórica".  

O programa "Memória do Mundo" foi estabelecido em 1992 pela UNESCO com o objectivo de contribuir para a preservação do património documental mundial. 

A Fundação Amílcar Cabral, que tem como missão a preservação da obra e memória do seu patrono, promoveu, no âmbito do seu Programa Editorial, a edição de várias obras de Amílcar Cabral, entre as quais se contam "Unidade e Luta", "Cabo Verde: Reflexões e Mensagens" ou "A Emergência da Poesia em Amílcar Cabral". 

Em 2015, criou o espaço museológico Sala-Museu Amílcar Cabral, onde pretende dar a conhecer às gerações mais novas e aos turistas que visitam a cidade da Praia, a história da luta de libertação liderada por Cabral. 

Cabo Verde assinalou a 20 de janeiro, os 45 anos da morte de Amílcar Cabral, assassinado em 1973, em Conacri.

Cabral foi fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e actual Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e líder dos movimentos independentistas da Guiné-Bissau e Cabo Verde. 

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,13 jun 2018 7:34

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  14 jun 2018 9:39

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