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Criado pela Imprensa Nacional de Cabo Verde (INCV), e pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), de Portugal, a primeira edição do prémio que leva o nome de um dos mais reconhecidos intelectuais cabo-verdianos tem como prazo final de submissão de obras candidatas 31 de Agosto de 2018.
O Prémio Arnaldo França tem como propósito “a promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana, Arnaldo França”.
Podem concorrer ao prémio no valor de 550 contos (cinco mil euros) cabo-verdianos (inclusive os residentes fora do país) ou estrangeiros residentes no país há mais de cinco anos. As obras candidatas devem ser textos inéditos de prosa literária em língua portuguesa e que não tenham sido apresentados em nenhum outro concurso, mesmo aqueles com decisão pendente.
A decisão do júri será divulgada até 15 de Outubro, a partir dos sites oficiais da INCM e da INCV.
Para além do valor pecuniário o prémio contempla a publicação da obra vencedora pelas duas instituições promotoras, nos respectivos países, esperando estas incentivar os escritores ou futuros escritores a divulgarem as suas obras. Há ainda possibilidade do júri atribuir menções honrosas, caso a qualidade dos textos submetidos assim o justifique. As obras que receberem menção honrosa podem, conforme os critérios das editoras, vir a ser publicadas.
Em Novembro passado, durante a apresentação do livro “Debaixo da Nossa Pele” do escritor cabo-verdiano Joaquim Arena, publicado pela INCM de Portugal, o anúncio da instituição do prémio fizera-se acompanhar da informação de que em um mês seria conhecido o regulamento e escolhido o júri do prémio, o que não veio a concretizar-se por razões não divulgadas pela organização.
Passados seis meses é finalmente anunciada a abertura de candidaturas (que já decorrem desde 22 de Maio), dado a conhecer o júri - composto por Vera Duarte (escritora), Daniel Medina (jornalista e Professor Universitário) e Paula Mendes (editora-chefe da INCM) e divulgado o regulamento (disponível na internet, nos sítios do INCM e da INCV).
Arnaldo França nasceu na cidade da Praia em 1925 e morreu em 2015. Graduado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa é reconhecido como poeta, ensaísta, académico (um dos que colaborou desde a primeira hora na fundação do ensino superior em Cabo Verde), crítico, estudioso e historiador da literatura cabo-verdiana.
Ainda enquanto estudante do Liceu Gil Eanes, participou na revista Certeza, e posteriormente colaborou com nomes como Félix Monteiro, António Carreira e Jaime Figueiredo. Em 1962 publicou “Notas sobre Poesia e Ficção Cabo-Verdianas (1962) ”.
Cultor do crioulo, fez traduções para a língua cabo-verdiana de textos de autores portugueses como Fernando Pessoa e Luís de Camões.
Entre os vários ensaios que escreveu sobre a obra de autores cabo-verdianos encontram-se trabalhos sobre António Aurélio Gonçalves, Januário Leite, Guilherme Dantas, Luís Loff de Vasconcelos e Jorge Barbosa. Deste último organizou a obra poética numa edição da Imprensa Nacional de Cabo Verde (2002).
Com longa carreira ao serviço das Alfandegas, de que chegou a ser director geral, Arnaldo França foi nos anos 80 secretário de Estado e Ministro das Finanças.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 864 de 20 de Junho de 2018.
