"Como artista não colaboro. Fui convidado para fazer uma exposição colectiva nesta cimeira, mas recusei porque acho que há chefes de Estado destes países que estão na CPLP e não merecem o meu respeito porque são ditadores", justificou Tchalê Figueira.
Cabo Verde acolhe, em 17 e 18 de julho, na ilha do Sal, a XII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cimeira que marca o arranque da presidência cabo-verdiana da organização.
Para a cimeira está confirmada a presença dos chefes de Estado de oito dos nove países membros da organização: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe. Timor-Leste cancelou a participação no evento, depois de ter confirmado.
Tchalê Figueira explicou que não respeita alguns chefes de Estado de países da comunidade, por entender que não são democráticos, dando como exemplo a Guiné Equatorial e o Brasil.
"Guiné Equatorial, Brasil, um Estado dito democrático, mas que não é. Há outros que não vou referir", sustentou.
O pintor cabo-verdiano manifestou igualmente o seu desacordo "com esta CPLP", considerando que não é a sua.
"Preferia uma CPLP que seja democrática", sustentou o artista plástico natural da ilha de São Vicente, dizendo que se "fala muito" da comunidade, mas nunca viram os "seus dividendos".
A presidência cabo-verdiana da comunidade lusófona, que tem a duração de dois anos, terá como lema "Cultura, pessoas e oceanos", com o país a pretender criar um mercado comum de cultura e artes na comunidade.
A ideia é elogiada por Tchalê Figueira, um dos mais conceituados artistas plásticos e pintores cabo-verdianos, que acredita que a criação deste mercado poderá facilitar o intercâmbio entre artistas lusófonos.
"Se há essa possibilidade de criar um mercado comum e cultural, para o bem de Cabo Verde e das artes em geral, para o bem de todos os artistas desta dita CPLP, porque não? Não posso ser negativo com isso", afirmou.
Além da pintura, Tchalê Figueira é autor de vasta obra literária de contos e poesia, com livros como 'Todos os naufrágios do mundo' (1992), 'Onde os sentimentos se encontram' (1998), 'O azul e a luz' (2002), 'Solitário e Ptolomeu Rodrigues' (2007), 'Contos de Basileia' (2011), 'Cesária - A rota da Lua vagabunda' (2015), com Vasco Martins.