“Em Santo Antão, os artistas têm sido altamente descriminados. Temos sido vítimas de injustiça e de discriminação de uma forma gritante”, avançou Jorge Martins, que lamentou o facto de nem o Ministério da Cultura nem a Câmara Municipal do Porto Novo apoiaram a rodagem do telefilme do grupo, Canjana.
“Isso é para ver que, em Santo Antão, os artistas, têm sido altamente discriminados e injustiçados”, notou, explicando que o projecto conta apenas com o financiamento do próprio grupo Juventude em Marcha e do co-produtor Gionavi Silva.
Jorge Martins, que falava à imprensa, na zona de Praia Formosa, onde este domingo decorreram as cenas mais dramáticas do telefilme, que retracta as fomes que assolaram Cabo Verde nos anos 40, informou que, apesar da falta de apoio das autoridades, a rodagem da curta metragem tem decorrido “a um bom ritmo”.
“Os trabalhos decorrem a bom ritmo, mas lamentamos a falta de financiamento para rodagem desta peça. As autoridades não reagiram ao nosso projecto, que vai ser um documento preciosíssimo para a nossa história, resultante de um trabalho científico feito à volta das fomes dos anos 40”, adiantou Jorge Martins.
As filmagens, que começaram há quase duas semanas, terminam dentro de dias, estando a estreia do telefilme prevista para Dezembro.
A peça Canjana aborda a fome que assolou Cabo Verde nos anos 40 e o famoso naufrágio, em Novembro de 1947, em Ponta de Canjana, no litoral do Porto Novo, do navio norte-americano John Schmeltzer, carregado de milho, que acabou por salvar parte significativa da população de Santo Antão.
“Este projecto diz respeito à única e exclusiva investigação científica feita sobre a fome e o encalhe de John Schmeltzer na zona de Praia Formosa e que marca a afirmação da nossa cabo-verdianidade”, explicou o responsável do grupo teatral Juventude em Marcha, que já gravou, nos 34 anos de sua existência, cinco telefilmes.