Festival TeArti é já na próxima semana

PorChissana Magalhães,13 out 2018 9:01

Oito dias, oito países, 23 grupos, 24 espectáculos e mais de 104 participantes. Em números, assim se resume o TeArti – Festival de Teatro do Atlântico que nasce este mês de Outubro na cidade da Praia. O evento acontece de 19 a 26 de Outubro com a missão de promover a identidade nacional e dos países do Atlântico.

Já só faltam nove dias para o subir do pano de um festival que, na sua segunda edição, reinventa-se. Cresce, alarga fronteiras, internacionaliza-se. O que no ano passado foi visto como um momento de retoma do teatro na cidade da Praia, com a realização do TeArti como festival nacional de teatro, este ano ganha internacional no nome ao alargar o seu conceito e juntar à festa companhias de teatro de países do Atlântico, países amigos de Cabo Verde.

Angola, Brasil, Cuba, Espanha, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe são os países que este ano se juntam a Cabo Verde para compôr uma montra transatlântica de teatro que aposta na divulgação das identidades de cada país mas também numa identidade cultural atlântica.

A convite da companhia de teatro Fladu Fla, a quem cabe a iniciativa e organização do evento, estarão nesta edição a companhia de artes cénicas Tic Tac de Angola, do Brasil a actriz Lilian Prado com o monólogo inspirado na escritora Clarice Lispector “Epifania” (ao invés do anteriormente anunciado Colectivo Negro), de Cuba a trupe Actuar, Espanha participa com o grupo residente em Cabo Verde responsável pela peça “Viagem de Lua e Areia” sobre a vida do poeta Garcia Lorca, a Guiné-Bissau também aproveita os recursos que tem no país para marcar presença com o grupo Cabaz de Terra, e Portugal faz-se representar com o grémio Chã de Oliva com mais de 30 anos de experiência em animação cultural. Apenas a presença de São Tomé e Príncipe poderá estar comprometida devido a contratempos que poderão impedir a deslocação do grupo Os Criativos.

No ano passado, ainda que fosse a estreia do evento, conseguiu-se a participação de companhias de outras ilhas, casos de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau e Maio. Feito que se alarga nesta edição onde apenas a ilha da Boa Vista – de onde viria a trupe Casa Nova, que cancelou a sua participação por não conseguir ter pronta a tempo a peça com que iriam participar – não estará representada. Os grupos Juventude em Marcha (Santo Antão), Somá Cambá (São Vicente), Projecto Chiquinho (São Nicolau), Dja d’Sal (Sal), Pró Morro (Maio), OTACA (Santiago), Sem Nexo (Fogo) e Trapalhões (Brava) aceitaram o convite e trazem espectáculos para enriquecer o programa do festival.

Novos Paradigmas

Sabino Baessa, líder da companhia Fladu Fla, diz que o TeArti vem responder à carência de festivais do género que Praia regista. Não obstante, reconhece que a cidade é rica em eventos e manifestações artísticas.

“Há tendência de se pensar que Praia não tem manifestações artísticas e culturais mas, a verdade é que tem muita. O que acontece é que os eventos em outras ilhas são mais divulgados. A ideia do festival nasceu da necessidade de promover a nossa identidade cultural. Por isso o grupo Fladu Fla vinha criando algumas peças nesse sentido, e agora resolve ampliar esse conceito estendendo ao Atlântico”, manifesta.

Mas Baessa nega a possibilidade de que tal preceito, da identidade nacional, limite a criatividade dos artistas. “Perante a globalização, o que nos valoriza é a nossa singularidade. A preocupação é primar pela promoção da identidade nacional mas, com espectáculos com padrão de qualidade ao nível do que se produz internacionalmente”, defende.

A internacionalização do TeArti terá suscitado alguns comentários nas redes sociais manifestando algum incómodo com a robustez que a iniciativa parece ganhar em tão pouco tempo de existência. Sabino Baessa desvaloriza este tipo de reacção e diz ser “típico do ser humano”.

“Neste momento há um paradigma instalado de que São Vicente é que faz teatro. Sal começou a fazer, e tudo bem. Então quando Santiago começa a apostar há essa ideia do tipo “ estão a querer tirar-nos o protagonismo”. Deviam pensar que é mais uma organização a fazer algo em prol do teatro no país. E que é algo que traz multiplicação de ideias e forças, e não algo que vem com intenção de tirar protagonismo a quem quer que seja”, defende o agente cultural que vê o artista como alguém que deve desafiar os paradigmas existentes e propor novos.

“Agora, claro que isso vai obrigar os governantes a tomarem uma posição. Porque “o bolo” vai ter que ser dividido por mais gente. E talvez seja isso que provoque esse tipo de comportamento”, analisa acabando por reforçar que a organização não irá focar “nesse tipo de disputa e sim vamos trabalhar”.

E o trabalho prossegue. Os preparativos, diz, vão a bom ritmo porém algum atraso na confirmação do calendário de viagens dos grupos acabou por protelar a divulgação da programação final de espectáculos. Entretanto, prevê-se que a partir de segunda-feira, dia em que os bilhetes começarão a ser disponibilizados, a mesma já estará fechada. Até porque o público começa a manifestar interesse e curiosidade em conhecer os detalhes da programação.

Um festival de parcerias e em que todos os envolvidos trabalham voluntariamente, o TEARTI 2018 conta com os apoios da Direcção Geral das Artes do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e a Direcção da Cultura da Câmara Municipal da Praia, para além do engajamento das representações diplomáticas dos países participantes, parceiros que sobretudo cedem salas, apoios logístico e serviços técnicos.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 880 de 10 de Outubro de 2018.

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Autoria:Chissana Magalhães,13 out 2018 9:01

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  4 jul 2019 23:22

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