Reunidos na cidade da Praia para delinear a estratégia da comemoração que se inicia no próximo ano e que deve estender-se até 2022, os representantes da cidades que integram a Rede Mundial de Cidades Magalhânicas vão se debruçar durante estes dias sobre o processo de candidatura da Rota Mundial das Cidades Magalhânicas – a rota traçada por Fernão de Magalhães há 500 anos e que ligou continentes – a Património da Humanidade pela UNESCO.
Um dos primeiros passos para alcançar tal intento foi dado em 2016 com a inscrição da Rota na lista indicativa da Comissão Nacional da UNESCO, que constitui um pré-requisito indispensável para a candidatura de bens a Património Mundial. Agora o processo deverá contemplar a recriação da viagem liderada pelo navegador português entre 1519 e 1522, com as várias paragens que o mesmo terá feito em diversos pontos do globo, desde a Europa, África, América do Sul e Ásia, com destaque para a primeira travessia do estreito que liga o Atlântico ao Pacífico e que hoje leva o seu nome.
Para Fernando Medina, presidente da Rede e da Câmara Municipal de Lisboa, trata-se de reconhecer “um feito extraordinário da vida da humanidade” e “um dos grandes momentos de união dos povos”.
Medina encara a candidatura em preparação também como “mais um marco de valorização desta grande epopeia histórica” já que a viagem de Magalhães “é algo que transcende os países e as cidades da Rede”.
“Esperamos que essa candidatura tenha bons resultados. Claro que vai exigir intervenção do Governo. Também discutiu-se muito a necessidade de envolver as universidades”, comentou o presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos.
O autarca ressalta que, embora o processo de candidatura seja liderado por pela Câmara Municipal de Lisboa, por a capital portuguesa ser actualmente a cidade na presidência da Rede, todas as cidades que integram a rede vão estar envolvidas, com cada uma a criar uma comissão local juntamente com a UNESCO.
Caracterizando a viagem de circum-navegação como um “processo de globalização que se iniciou há 500 anos e do qual Praia também faz parte”, Óscar Santos aponta como desafio para os próximos anos incluir outras cidades cabo-verdianas na Rede e assim aproveitar o acontecimento histórico para “optimizar o turismo, sobretudo o turismo de história e de negócios porque é essa a vocação da nossa cidade”.
Mas as comemorações dos 500 anos terão vários outros momentos e realizações com o presidente da rede a destacar, para além da já referida recuperação da viagem de Fernão Magalhães, o lançamento de publicações e de aplicações informáticas que dêem a conhecer a história, encontros de cientistas, valorização de circuitos turísticos a nível mundial e exposições “que permitam mostrar às novas gerações o que foi esta epopeia”.
Quanto à programação do encontro que decorre, na tarde de hoje acontece a inauguração de uma artéria da cidade, na zona de Quebra Canela, com o nome “Fernão de Magalhães” pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva. Segue-se a sessão solene de abertura oficial do Encontro, na Assembleia Nacional, com o Presidente da República a presidir.
Para amanhã, dia 19, o destaque será a conferência no Campus da Uni-CV, onde serão oradores os professores António Correia e Silva e Juan Marchena Fernández.
A Rede Mundial das Cidades Magalhânicas tem como missão estudar e divulgar a primeira volta ao mundo, realizada entre 1519 e 1522 e que foi liderada por Fernão de Magalhães. Dela fazem parte várias cidades europeias, africanas, americanas e asiáticas, tendo a cidade da Praia sido eleita em 2017 vice-presidente para África da rede.
Porto de San Julián (Argentina), Catbalogan (Filipinas) e Tenerife (Espanha) foram as cidades para as vice-presidências da América, Ásia e Europa, respectivamente. A rede é actualmente presidida por Lisboa e tem Sevilha (Espanha) como vice-presidente geral. Os mandatos têm a duração de dois anos.