Recomendação para ouvir: Entre a academia e as raízes – a originalidade de Carlos Lopes

PorPaulo Lobo Linhares,21 jan 2019 8:01

​“Canta pa skeci”, é o nome do álbum do menino que saiu dos Picos aos 7 anos emigrando para França.

Deixou todos os brinquedos que ele próprio fabricava para brincar com os demais amigos, para encarar um mundo novo, e bem diferente.

Chegando ao país que o recebeu, Carlos não se acanhou. As oportunidades que iam aparecendo eram muitas, o que fez com que tivessem que ir sendo escolhidas e seleccionadas de acordo com o apropriado para o momento.

A música chegou-lhe rapidamente. Começou com os estudos e acabou por frequentar o conservatório de Jazz da cidade onde vivia. A motivação e a força em seguir os caminhos da música são de níveis elevadíssimos. Tínhamos tudo para que houvesse sucesso.

Mas, a par de toda essa parte pedagógica, e motivacional quase que a parte “mecânica” do processo, Carlos trazia na mala, algo que nunca o largou até os dias de hoje. Algo que o marca e que nele ressalta, ao falarmos ou simplesmente olharmos para ele – o enorme Amor por esta forma de arte. E como se entrega a ela!

“Canta pa skeci” é o primeiro disco de Carlos Lopes, que neste trabalho passa também a ser conhecido por “Oredja azul”. Aqui caímos em mais uma faceta de Carlos: a sua imaginação e criatividade imensurável, contudo não desmedida. “Oredja Azul” vem de um tema chamado “Bengue” – uma língua criada por Carlos Lopes, (cantada e gravada no disco) falada num planeta onde os homens tem uma da orelhas, com um contorno azul…azul vivo e de vida.

Os restantes temas são cantados em crioulo, um crioulo que ainda carrega toda a força e acentuação que levou quando tinha 7 anos, dando-a impressão que foi algo que fez questão de guardar consigo, para que fosse a linha enraizada que nunca o deixou separar do seu arquipélago, da sua ilha…

Pois, o crioulo misturado a uma refinada instrumentação vinda das suas lides académicas, fazem deste disco momentos musicais de enorme interesse e de originalidade considerável.

NA verdade, “Canta pa skeci” já saiu há um tempo, tendo já sido apresentado num dos AME. Contudo, Carlos prepara-se para lançar o seu próximo trabalho que aguardamos, pois, vai haver inovações, originalidades e, mais um trabalho de diferenciação da música de Cabo Verde.

Aguardamos, Carlos Lopes!

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 894 de16 de Janeiro de 2019.

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Carlos Lopes

Autoria:Paulo Lobo Linhares,21 jan 2019 8:01

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  21 jan 2019 11:37

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