A Associação do Cinema e Audiovisual de Cabo verde (ACACV) cumpriu recentemente sete anos de existência, com uma equipa parcialmente renovada aos comandos. Com o lema “Continuar a crescer”, a lista liderada por Mário Benvindo Cabral, foi eleita a 31 de Março para um novo mandato.
A presidir a Associação há já três anos, Cabral pretende dar seguimento às acções que vem privilegiando desde que em Dezembro de 2017 a ACACV passou finalmente a contar com um subsídio do Governo, referente á lei da cópia privada.
“Estes sete anos foram sempre em crescendo; mesmo que nos primeiros anos não tínhamos fundos e não podíamos concretizar muito do nosso plano de actividades, mas ainda assim no primeiro ano conseguimos obter um espaço para a sede, no segundo equipamos a sede e depois iniciamos as formações”, diz.
A equipa anterior, também liderada por Cabral, iniciou mandato em Dezembro de 2016 e, ainda que sem receitas, fez aprovar um plano de actividades. A partir de Dezembro de 2017 a Associação começou a receber uma verba do governo, referente á lei da cópia privada, num total de 7700 contos.
A verba, segundo relatório da direcção cessante, foi usada para remodelação da sede, contratação de pessoal para prestação de serviços (contabilidade, comunicação e secretariado), tendo ainda sido criado o website da Associação.
Os recursos permitiram à agremiação por uma marcha uma série de formações, como a formação inicial em operações de câmara, curso de iniciação à produção cinematográfica (pelo realizador e produtor brasileiro Clébio Ribeiro) e também workshops de técnicas de filmagem com telemóvel para jovens e de edição de vídeos.
Parcerias foram formalizadas através de assinaturas de protocolos, nomeadamente um protocolo tripartido com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e Viva Imagens ( produtora do Cabo Verde International Film Festival, na ilha do Sal) e com o projecto Oiá, que produz o festival homónimo em Mindelo.
A ACACV apoiu nos últimos anos, de diferentes formas, produções nacionais. Financiou a representação do filme “Canhão de Boca” a um festival internacional, a deslocação de um formador de dramaturgia no âmbito do festival TeArti e apoiou financeiramente a produção dos seguintes filmes “ O Filho Pródigo” (Tikay), “Entre sonhos e a mãe Terra” (Júlio Silvão Tavares), “As raízes de harbop” (Júlio Silvão Tavares), “Canjana” (Juventude em Marcha) e também a série “Viver a Vida”.
Posteriormente viria a ser lançado o primeiro Edital de Apoio à Produção, orçado em três mil contos. O edital contempla apoio monetário no valor de 300 mil escudos para os oito vencedores com quem assinou contractos em Fevereiro de 2019.
Um dos desafios que persiste desde a criação da Associação é a dificuldade em atrair associados para as listas dos órgãos dirigentes e para as actividades da associação. Algo que Mário Cabral diz ser comum a outras associações em Cabo Verde, não deixando de manifestar alguma surpresa com o facto de mesmo as oportunidades de formação – gratuitas, sendo que os membros apenas pagam uma taxa de inscrição simbólica - serem devidamente aproveitadas pelos membros.
Também a ideia de ter um delegado em Mindelo não tem saído do papel por dificuldades em ter associados engajados que queiram representar a Associação na região Norte.
Para o mandato que agora inicia, a aposta é “dar continuidade ao plano de actividades”.
“Estamos em contacto com o Instituto do Cinema e Audiovisual de Portugal (ICA) e com o APORDOC, instituições com as quais vamos assinar protocolos, ainda este ano, de modo a que possamos beneficiar de apoio técnico, nomeadamente formações como o Doc4Kids, cinema dirigido ao público infantil”, adianta o realizador que avança ainda a intenção de ver reactivar as parcerias oficiais que Portugal mantinha com Cabo Verde na área do Cinema.
“ No ano passado tivemos encontro com responsáveis do ICA e a ideia deles é pôr Cabo Verde no seu banco de apoios. Eles querem que filmes cabo-verdianos também tenham acesso a esses financiamentos que filmes de Angola e Moçambique aproveitam muito bem”.
Apoio á produção nacional e residência de documentário
O presidente da ACACV quer também beber da experiência do ICA na produção de editais e distribuição de verbas. O segundo edital de apoio à produção deverá ser lançado este ano com a verba disponibilizada a ganhar um aumento, passando de 300 para 500 contos.
Continuidade também no que se refere às formações. Haverá novas formações em edição, produção cinematográfica e produção de roteiro. Mas o destaque maior é para a realização da primeira residência artística de produção de documentários, “Pilorinhu”. O nome fica a dever-se ao sítio histórico da Cidade velha, local onde nasceu a Associação.
“Será uma actividade estratégica porque servirá de preparação para que, a partir do próximo ano, lancemos uma residência a nível dos PALOP, com financiamento internacional. Daí ser necessário mostrar que temos capacidade organizativa”.
O documentarista explica que a residência, a realizar-se no início de Junho próximo, terá como convidada e mentora uma especialista escocesa da área do documentário, a presidente do Instituto Escocês do Documentário.
A residência artística contará com sete participantes nacionais, sendo que 5 vagas são para pessoas de outros pontos do país que não a cidade da Praia.
“A ideia é que a residência nos anos seguintes se realize em outros concelhos do país e nunca na cidade da Praia, para assim descentralizarmos as nossas actividades”, justifica.
Com Mário Benvindo Cabral irão trabalhar na direcção da ACACV, hoje empossada, Júlio Silvão Tavares (vice-presidente), José Correia (secretário), Nelson Alves (Tesoureiro) e Hermínia Curado (vogal). Já a Mesa da Assembleia-Geral passa a ter como presidente Orlando Tavares enquanto que Aniceto Fonseca irá dirigir o Conselho Fiscal.