Está a decorrer neste momento (são cerca de 18h30 em Macau) a abertura da Semana de África 2019, evento anualmente promovido pelas associações dos países de língua portuguesa naquele território da China.
Cabe ao documentário “Hora di Bai”, da cabo-verdiana Samira Vera-Cruz, as honras de abertura do evento, logo após uma conversa de apresentação dos convidados internacionais ao público.
“Hora di Bai” (2017) foi o projecto com o qual a jovem cineasta foi seleccionada para o programa de financiamento à produção no âmbito do 25 anos da cooperação PALOP, Timor Leste e União Europeia e que em 26 minutos mostra os rituais, as tradições e superstições à volta da morte e do pós-morte na ilha de Santiago.
Em conversa com o Expresso das Ilhas, instantes antes de participar na abertura do evento, Samira Vera-Cruz dizia-se “ansiosa e curiosa por saber a reacção das pessoas, dos cabo-verdianos que vivem cá e do público de cá”.
Hora di Bai (Hora do Adeus, em tradução livre para o Português), tem feito uma intensiva carreira internacional, tendo já passado por festivais de cinema em Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé, Timor, Madagáscar, Canadá, Estados Unidos, Bélgica e Polónia.
A realizadora diz-se grata “por ver reconhecido no estrangeiro todo o nosso esforço e sacrifício para fazer o que gostamos e dar a conhecer a nossa realidade.
“Tenho orgulho mas, mantenho os pés no chão com a noção de que o reconhecimento é um bónus com o qual não devo contar cegamente”, acrescenta.
Para além da cabo-verdiana, são convidados para esta edição da Semana de África em Macau o pintor da Guiné-Bissau Sidney Sequeira e a estilista e designer de moda e artesanato moçambicana Patrícia Vasco que de 22 a 26 de Maio exibem as suas criações numa exposição de pintura e artesanato na Galeria ArtGarden.
Samira Vera-Cruz e Patrícia Vasco vão estar também na Faculdade das Indústrias Criativas da Universidade de São José onde a primeira irá exibir Hora di Bai e palestrar sobre o “Desenvolvimento do Cinema em Cabo Verde” e o processo criativo para realizar projectos cinematográficos, mesmo quando não se tem financiamento, e a moçambicana vai realizar o workshop “Tecidos Africanos”.
Conforme o jornal Hoje Macau, ao longo de toda a semana vai decorrer um Ciclo de Cinema Africano na Fundação Rui Cunha, onde vão estar representadas películas de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. A festa continua ao ar livre, com o evento “Mãe África” no dia 26, na ilha de Taipa, onde haverá música, dança e pintura ao vivo.
O encerramento será com um concerto solidário a favor das vítimas dos ciclones que recentemente destruíram zonas de Moçambique e provocaram centenas de mortos.