Segundo o edital da Infraestruturas de Cabo Verde, a obra visa a “reabilitação integral” do antigo campo de concentração, empreitada inserida no Plano Nacional de Reabilitação de Edifícios Históricos e Religiosos, traçado pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.
O concurso, que envolve ainda o Instituto do Património Cultural (IPC) cabo-verdiano, é lançado quando passam 83 anos (29 de Outubro de 1936) da chegada de 152 presos políticos ao Tarrafal.
O concurso público para a obra decorre até 05 de Dezembro, devendo a intervenção não exceder os oito meses e o preço base de até 35 milhões de escudos (quase 320 mil euros).
Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros presos em 29 de Outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.
Em 1962, foi reaberto com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Após a sua desactivação, o complexo funcionou como centro de instrução militar e desde 2000 alberga o Museu de Resistência.
O levantamento para o concurso público da empreitada de reabilitação recorda que o espaço ficou “gravado na memória” dos portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos como o "campo da morte lenta" ou “da morte”.
O espaço foi classificado Património Cultural Nacional através da Resolução nº 33/2006, de 14 de Agosto e desde 2004 que integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Ao todo, foram presas neste "campo da morte lenta” mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
Em 2018, o Museu da Resistência (ex-Campo de Concentração do Tarrafal) foi o museu mais visitado, com 9.000 visitantes.