O artista esteve em Cabo Verde para o show de abertura da Noite Branca, que teve lugar na Cidade da Praia, em finais de Dezembro, e aproveitou para fazer a promoção dos dois singles.
“Só agora resolvi lançar a minha carreira a solo porque acho que é o tempo certo. O próprio tempo determinou que só agora deveria gravar. Já tinha as coisas preparadas há muito, mas percebi que não era a altura e que não eram as músicas próprias. Portanto, deixei as coisas andarem”, explica Mário Marta, numa conversa com o Expresso das Ilhas.
E uma das músicas que está a fazer muito sucesso é “Aguente” que canta em dueto com a cantora Lura. Sobre essa música, o cantor explicou que foi fácil a parceria com a cantora.
“Foi fácil, porque eu e a Lura somos amigos e cantámos juntos há muito tempo. Além disso, ela é minha comadre. A sincronização foi muito fácil e espontânea e não estava previsto que ela ou alguém participasse nesse tema, mas estávamos em estúdio a trabalhar quando de repente o Djodje diz-nos: “esta música está para um dueto”, e eu e o Kim Alves dissemos logo, “pensaste na Lura”, e ele, respondeu “exactamente”. Ele pediu-me para ligar à Lura para saber se ela aceitaria, e ela disse, “eu, contigo, gravo já”. “A partir desse momento direccionamos a música para a voz da Lura para que pudesse acontecer o dueto”, recorda.
Além de cantor, Mário Marta é um compositor e amante da morna, que agora é património cultural imaterial da humanidade. “Tenho algumas músicas que componho, mas sou uma pessoa tímida neste aspecto, tenho mais músicas feitas. Apesar de a minha família ser toda da ilha de Santiago, cresci em São Vicente e a minha influência é toda de Mindelo. Eu componho mais em crioulo de São Vicente e tenho muita coisa escrita. Pouco e pouco, quando me sentir mais à vontade farei a divulgação”.
Depois do lançamento dos dois singles, Mário Marta diz que ainda não sabe se vai fazer um CD ou um EP (Extended Play). “Temos material para dois CDs, se for o caso. Optamos agora por lançar os dois singles, na altura de Natal, como prenda, uma homenagem às pessoas que saem da sua terra que fazem muito sacrifício lá fora e nunca se esquecem dos familiares e amigos que deixam”.
O cantor avançou que esse seu trabalho terá pelo menos duas composições da sua autoria. “Como tenho estado a trabalhar com o Djodje, até terminarmos os compromissos que ele tem para espectáculos, em princípio, até finais de Fevereiro, teremos datas fixas para anunciar a chegada do meu trabalho”.
Mário Marta assegurou que o seu objectivo é seguir uma carreira a solo. “A ideia é essa, pegar nas minhas coisas e seguir em frente”.
Quanto ao feedback do público relativamente aos dois singles confessou que tem sido “fenomenal”. “Desde que os singles saíram não paro de receber mensagens de incentivo e isso dá-me mais vontade para continuar a trabalhar”.
Morna
“Fiquei muito feliz ao saber que a morna é património cultural imaterial da humanidade. Até porque estava a trabalhar na promoção da morna e fazê-la chegar aos sítios mais remotos na Europa para as pessoas que não a conhecem”, afirmou Mário Marta.
Para o cantor, Cabo Verde tem uma musicalidade muito rica. “Paulino Vieira costumava dizer que não é por acaso que Deus pôs a melodia em Cabo Verde. As pessoas não estudaram ou não estudam a música, mas nasceram com o dom da musicalidade”.
Mário Marta conta que cresceu em São Vicente e sentiu isso, “cresci numa família de músicos onde todas as sextas-feiras e sábados havia serenata, muitas vezes acordavam-me para ir cantar”.
Apesar de ter muitos familiares no mundo da música, Mário Marta disse que não sente nenhuma responsabilidade ao fazer a música. “Sinto que a música flui e como gosto de fazer a música nem sequer penso na responsabilidade, gosto de cantar e vivo na música para a música, não sei viver de outra forma”.
Broda Music
Mário Marta afirma que faz um balanço positivo dos 10 anos da Broda Music, apesar de a produtora ter nascido num período de “turbulência”. “Porque era necessário criar a Broda Music pois o Ricky Man na altura estava a gravar e ficou sem editora e houve a necessidade de agarrar nisso e caminhar”.
“Graças a Deus, temos o Djodje, o Ricardo e Peps, jovens pró-activos e focados em fazer coisas. Juntaram-se e formaram a Broda Music, dizem que sou o pai, mas eu só os motivei indirectamente através da música”, indica.
A Broda Music, conforme nos conta, apesar de todas as dificuldades tem estado a crescer.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 946 de 15 de Janeiro de 2020.