Segundo Jair Fernandes, face à pandemia do novo coronavírus, o Governo vai apresentar um orçamento rectificativo e as prioridades serão outras. “Tínhamos previsto para este ano um montante de cinco mil contos para executar o Plano de Salvaguarda, mas, naturalmente, que esse montante vai ser cativado e canalizado para outras prioridades”.
Conforme o presidente do IPC, este montante deveria ser utilizado para o lançamento de três bolsas de investigação sobre a morna, para atribuição de prémios aos alunos através de concurso sobre morna, e ainda deveria ser aplicado no edital de apresentação de originais, visando a publicação de dois livros de natureza técnico-científica e cultural, incidindo sobre a temática da morna.
Contudo, avançou, nesse contexto global a planificação do IPC acabou por ficar comprometida e isto obrigou a uma reagendamento das acções, nomeadamente do projecto da morna. Neste projecto em concreto a nova agenda passará pela elaboração e execução de projectos cujos custos são menores, por exemplo, realização de palestras, trabalhos de cariz didáctico/pedagógico com escola, na comunidade e com os detentores da morna.
Jair Fernandes disse que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) solicitou que se realizasse um levantamento do impacto dessa situação a nível dos patrimónios mundiais, nomeadamente a Cidade Velha e a morna.
“Já enviamos e depois vai ser avaliado e creio que no mês de Junho ou Julho poderemos ter, a partir dessa nova planificação, algum suporte técnico da parte da Unesco porque a nível financeiro essa situação é de impacto económico brutal e a Unesco não vai se comprometer com financiamento de projectos”, reconheceu.
Neste momento, conforme informou, a Unesco é obrigada a recuar a sua estratégia, ou seja, em vez de logo após a classificação enviarem uma equipa para acompanhar o processo da morna vão ter de adiar este acompanhamento.
O presidente do IPC disse que não pode avançar uma data, nem qual será a estratégia de acompanhamento por parte da Unesco, atendendo ao contexto que o mundo vive hoje.
Contudo, assegurou, no final do ano vai ser enviado um relatório à Unesco e depois disso a organização irá decidir como dar acompanhamento ao processo.
De sublinhar que depois de a morna ser classificada como Património Cultural e Imaterial da Humanidade, no dia 11 de Dezembro de 2019, na 14ª reunião do Comité Intergovernamental para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Bogotá (Colômbia), o próximo passo seria a materialização do Plano de Salvaguarda.