O espectáculo “KastroKriola”, do dramaturgo cabo-verdiano Caplan Neves, é uma adaptação da peça original “Castro”, do dramaturgo português António Ferreira, escrita em 1587.
Em conferência de imprensa hoje, na cidade da Praia, para a apresentação do elenco, o director-geral das Artes e Indústrias Criativas, Adilson Gomes, esclareceu que “Kastrokriola”, para além de ser uma peça teatral é um projecto “muito importante” para o teatro cabo-verdiano.
“Este projecto será estruturante para que o teatro comece a ser uma realidade em Santiago e nas restantes ilhas”, apontou Adilson Gomes, lembrando que se trata de uma iniciativa que surge no âmbito do protocolo assinado em 2019 entre o Ministério da Cultura e das Indústria Criativas e o Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto (Portugal)
“Certamente irá trazer ganhos, daqui dois ou três anos, para o nosso teatro, por ser um sector que envolve muitas outras actividades, desde serviços, transportes, hotelaria e restauração “, projectou Adilson Gomes.
Para além do espectáculo teatral, “Kastrokriola” é a concretização de um projecto para a internacionalização do teatro cabo-verdiano e cria acções conjuntas entre Cabo Verde e Portugal, no âmbito da produção e exibição de artes cénicas, formação e pesquisa.
Por sua vez, o encenador e director artístico do TNSJ explicou que “Kastrokriola” é o “corolário” de uma primeira etapa de um projecto ligado à missão de serviço público, que é preservação da língua portuguesa e do seu contacto com polifonia linguística e cultural, que a língua portuguesa proporciona.
“Este projecto tem como primeira escala o protocolo assinado entre os dois ministérios, que prefigura uma relação especial entre TNSJ e um conjunto de instituições cabo-verdianas, no sentido de estreitar os laços e trocar conhecimento”, precisou
Nuno Cardoso explicou que este espectáculo é o desdobrar de um projecto denominado “Castro”, que é “a peça matricial da dramaturgia portuguesa”, adaptada à realidade cabo-verdiana, através de um conjunto de audições produzidos num objecto teatral.
Em representação do elenco, Milanka Vera-Cruz disse a abordagem desta peça “não simpática”, por falar da homoafectividade, tratada como “um bicho de sete cabeça”, e das individualidades.
“Esta peça faz as pessoas reflectirem sobre as individualidades, a afectividade humana, sobre a sociedade política cabo-verdiana e a condição da mulher, sendo a mistura de tudo uma chamada de atenção sobre o que acontece na sociedade cabo-verdiana”, explicou Milanka Vera-Cruz ,
Na adaptação crioula, Inês de Castro é Kastro e Pedro converte-se em Petra. A tragédia da história de amor dá lugar ao escândalo de uma relação homoafectiva.
Partindo da universalidade temática do texto de António Ferreira, “KastroKriola” explora a actualidade e dá eco à realidade sócio-geográfica de Cabo Verde.
Depois de Mindelo, nos dias 25, 26 e 27 de Junho, “Kastrokriola” vai estar no Auditório Nacional Jorge Barbosa, na cidade da Praia, de 03 a 05 do corrente mês, pelas 20h30.
A entrada é gratuita mediante levantamento de bilhetes no Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, no Palácio da Cultura Ildo Lobo e à entrada do Auditório Nacional Jorge Barbosa.