A apresentação da obra será na Mediateca do Campus Universitário da Uni-CV, às 17:00 horas, e estará a cargo da professora Andrea Lobo.
Segundo uma nota enviada pela editora, nesta obra, através dos relatos pormenorizados e emocionantes, o autor convida o leitor a compreender os fundamentos da sociedade cabo-verdiana e a conhecer as formas contemporâneas de viver em família.
“Treze anos, vinte e sete viagens a Cabo Verde e à região de Boston, nos Estados Unidos, onde vivem duzentos e sessenta mil americanos cabo-verdianos, foram necessários para reconstituir a história dessas famílias à distância ao longo de várias gerações. Amor e pragmatismo é o resultado de uma experiência humana adquirida de uma vida partilhada com essas famílias”, relata.
Conforme a mesma fonte, em filigrana e dialogando com o antropólogo do parentesco, a obra interroga-se de novo sobre o enigma que é a família matrifocal. “A sociedade cabo-verdiana é deste modo descrita como o resultado de uma história que instituiu uma sociedade de alianças confinadas e de visitas".
“Muito antes do aparecimento da Internet, desde quase cento e cinquenta anos, confrontada com a migração, esta sociedade insular soube domesticar a distância que separa de forma duradoura os membros de uma família. Animados por uma energia contagiosa, eles inventam pouco a pouco a família à distância", conta.
O autor estranha o facto de serem as mulheres a criarem sozinhos os filhos, “onde os casais vivem muito tempo separados e onde as crianças são confiadas a cuidadoras! Contudo, uma questão importante liga os membros dessas famílias: a transmissão do `capital migratório`, considerado como um bem precioso”.
Outras questões que o livro traz é como “durante as férias, os casamentos e os funerais, os membros dispersos da `família a distância` encontram-se. Vividos com muita intensidade, esses momentos efémeros suscitam as interacções. A família corporiza-se de novo: ela reajusta-se e transmite histórias. As selfies encarregam-se depois de prolongar a memória”.
Agrónomo, sociólogo e antropólogo, Pierre-Joseph Laurent é professor na Universidade católica de Louvain, onde fundou, com outros, o Laboratório da antropologia prospectiva.
Depois de 20 anos de pesquisas no Burkina Faso, virou-se para a sociedade crioula de Cabo Verde. Pierre-Joseph Laurent é, nomeadamente, o autor de: Les Pentecotistes du Burkina Faso (Os Pentecotistas do Burkina Faso), Casamento, Poder e cura (Karthala) e de Beautés imaginaires (Belezas Imaginárias).
Antropólogo do corpo e do parentesco (Edições Academia). Pierre-Joseph Laurent foi eleito membro da Academia real das ciências da Bélgica em 2011.