Abril Jazz a Mil

PorPaulo Lobo Linhares,11 abr 2022 8:16

Abril começa e com ele a estampa do Jazz. É o mês do Jazz.

Se a 30 de Abril celebra-se o Dia Internacional do Jazz, aqui pelas ilhas crioulas é também época do maior e mais conceituado festival musical que une em particular as instituições – o nosso Kriol Jazz Festival – o tal que não poderá abrandar, caso contrário parará parte do andamento cultural da nossa cidade. Aguardamos pelo KJF 22 para que ao som de nomes maiores do Jazz, a que o evento nos tem habituado, nos embalarmos ao som deste género musical.

Hoje é domingo, dia em que escrevo este texto, talvez o dia em que – nos primórdios do aparecimento do Jazz mais citadino, depois da fase das “work songs” e durante os palcos-rua de New Orleans – a maioria dos amantes do Jazz se juntavam informalmente com a comunidade para celebrar a música.

Mas o Jazz assim é…onde nota que é querido, de mansinho se instala e começa a se manifestar. Tudo é válido: o trompete do avô, as baquetas na soleira da porta, o banjo que enfeitava a sala e sobretudo as vozes que invadem ruas embrulhadas em improviso. Na verdade, se há palavra que anda de mãos dada com o Jazz-música e o Jazz-modus é o improviso.

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Em artigo anterior falei de um Pub que havia no Plateau da Cidade da Praia que deu a muita gente o Jazz a ouvir pela primeira vez – o Pub Tex. Fica aqui a dica para os mais curiosos procurarem a crónica que escrevi para este jornal, falando neste espaço como marco essencial na nossa aprendizagem musical, onde nasceram valiosos nomes da nossa música.

Ainda sob as sombras do risco-improviso o Jazz trouxe à nossa cidade o primeiro festival de Jazz do país – o Fesquintal de Jazz. Aconteceu nos primeiros anos de 2000 e antecedeu o KJF.

Há ainda antes do Fesquintal de Jazz referências a uma banda de Jazz que terá nascido em Mindelo em anos bem anteriores.

Por tudo isso, podemos dizer que o Jazz passeou e continua a passear pelas nossas ilhas…

Contudo, hoje sou arrastado pela memória do Pub Tex – a minha primeira escola de Jazz. Para além das noites onde ouvíamos os discos que o dono do espaço – o nosso querido Tex – tinha trazido dos EUA, tínhamos acesso às chaves do espaço e aí passávamos horas e tardes a ouvir música. Foi parte essencial da minha adolescência e certamente do grupo de amigos de então, de agora e de sempre.

Assim sendo obedeço as directivas do Jazz em ter-me transportado para o referido espaço e celebro este mês de Abril com uma das minhas primeiras paixões do Jazz – o duo Ella Fitzgerald e Louis Armstrong – e o genial “Ella and Louis” da Verve. Obviamente que continua a ser uma das minhas rainhas, mas depois vieram muito mais. Acredito que as audições do Tex, ter-me-ão levado em parte para a escolha da minha vida profissional ligada à música. Na verdade, mal saí de Cabo Verde para estudar fora, comecei a trabalhar nas lojas de música e por entre Vingins e Fnacs – estive sempre ligado ao departamento do Jazz.

Mimemo-nos, pois, com o disco proposto, como sendo um dos basilares do Jazz, mas nunca esquecer que há muito mais e que o Jazz é improviso. Improvisemo-nos pois…

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1062 de 6 de Abril de 2022.

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,11 abr 2022 8:16

Editado porAndre Amaral  em  25 dez 2022 23:28

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