“A chamada de atenção para a pedagogia, para o ensino e para a partilha não é um trabalho exclusivo dos técnicos do IPC [Instituto do Património Cultural], do Ministério da Cultura ou do Governo, é um trabalho de toda a sociedade cabo-verdiana”, defendeu o ministro.
Abraão Vicente falava por videoconferência a partir da cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, na abertura do acto de apresentação do Atlas da Lista Indicativa de Cabo Verde na Unesco, que aconteceu presencialmente na cidade da Praia.
Cabo Verde submeteu a sua primeira lista de bens indicados para património mundial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 2004 e cinco anos depois a Cidade Velha foi classificada como património material.
Em 2016, o país actualizou a lista, que conta neste momento com oito bens materiais, nomeadamente as Salinas de Pedra de Lume, o Parque Natural da ilha do Fogo, o Campo de Concentração do Tarrafal, Parque Natural de Cova, Paul e Ribeira da Torre, os centros históricos da Praia, de São Filipe e de Nova Sintra e as áreas protegidas da ilha de Santa Luzia.
Pedindo uma “maior consciencialização” e “maior incorporação” desses bens, o ministro disse que a sua indicação não deve ser o fim para a candidatura, mas sim o início de um processo de construção de linhas de valorização.
E para o governante, essa valorização deve ser feita também pelos actores turísticos, muitos presentes na sala do Instituto do Arquivo Nacional, lembrando que esses bens indicados para candidatos a património mundial são fontes de rendimento.
Daí sublinhar a importância de evitar a sua sobreexploração por causa do turismo, o motor da economia e que garante cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde.
“É nossa missão e nossa função trabalhar não só para a geração de hoje, mas trabalhar para a geração dos que hão de vir um dia usufruir das belezas naturais de Cabo Verde, mas também dos que deverão ter acesso ao património construído ao longo de cinco séculos e meio de história de Cabo Verde”, afirmou.
O ministro pediu igualmente às câmaras municipais para alocarem recursos financeiros para aprofundamento não só da preservação, mas também da investigação à volta desses bens, sublinhando que a apresentação do Atlas não é um acto simbólico, mas sim “constitutivo do futuro” do arquipélago.
“A valorização do nosso património deve ser objecto de consolidação de interesse nacional, de Cabo Verde, para as gerações futuras”, insistiu Abraão Vicente, para quem o trabalho de base que o país está a fazer neste momento vai precisar de consolidação, bem como apropriação pelas comunidades e pelas instituições.
O Atlas da Lista Indicativa de Cabo Verde é um instrumento de conhecimento didáctico pedagógico, que reúne um conjunto de informações sobre os bens que constam da Lista Indicativa de Cabo Verde, nomeadamente a descrição histórico-geográfica e dos valores culturais e naturais, realçando as suas potencialidades enquanto componentes essenciais do legado patrimonial nacional.
O objectivo é despertar o interesse para a sua salvaguarda, estimular a inclusão nos roteiros turísticos nacionais e disponibilizar ao público, nomeadamente estudantes e investigadores, uma base de informações sobre os bens constantes da Lista Indicativa de Cabo Verde.
A apresentação aconteceu no quadro do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que foi estabelecido em 1982, e este ano celebra-se sobre o tema "Património e Clima”.