Docente na UNI-CV destaca importância de manter vivo legado deixado pelo poeta Jorge Barbosa

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,4 jun 2022 12:26

A docente da Cultura Cabo-verdiana na Universidade de Cabo Verde Fátima Fernandes destacou, esta sexta-feira, a importância de se manter vivo o legado deixado pelo poeta cabo-verdiano Jorge Barbosa, sublinhando que a geração actual tem um legado marcante a descobrir.

Fátima Fernandes falava aos jornalistas à margem de uma tarde cultural em tributo ao escritor cabo-verdiano Jorge Barbosa realizada sexta-feira, na Cidade da Praia pelo Ministério das Finanças e do Fomento Empresarial, em parceria com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.

Na ocasião, esta responsável clarificou que quando se faz a associação de Jorge Barbosa à geração da Claridade é necessário destacar que o primeiro texto que pertence à geração da claridade- o “Arquipélago”, foi publicado em 1935 e não 1936.

Isto quer dizer, argumentou Fátima Fernandes, que se quer repensar a periodização literária cabo-verdiana, o período Claridoso teria iniciado antes de 1936, precisamente com a publicação do “Arquipélago”.

“O legado de Jorge Barbosa é muito importante sobretudo para a geração mais nova porque quando nós falamos dos problemas do clima, da seca, da nossa cultura, quando destacamos as nossas tradições orais, a música desde a morna ao batuque, funaná, a poesia pré-Claridosa, nós estamos a pensar em alguém que fez um trabalho imenso, valorizando tudo isto nas suas três grandes obras, Arquipélago, Ambiente e Caderno de um Ilhéu”, sustentou.

Daí que, salientou a docente, a geração actual tem um “legado importante a descobrir e a reflectir” sobre o poeta Jorge Barbosa, sendo que a sua obra, considerou, acaba por ser um bom registo, um bom legado e um óptimo conjunto de textos muito bem escrito.

“Apesar de não ter aquilo que se definia na época como uma grande qualidade estética, porque os textos são muito simples, mas tem um ritmo muito próprio, que me parece que a geração actual poderia apreciar com grande propriedade e sentido de oportunidade”, frisou Fátima Fernandes.

Para a mesma, o poeta Jorge Barbosa é a representação daquilo que é ser cabo-verdiano, é viver o arquipélago nas suas várias dimensões, sem guardar a vontade de querer conhecer outros países, outras gentes e ter a capacidade de refletir sobre o impacto positivo ou negativo entre o encontro do povo cabo-verdiano e os outros povos.

Por seu lado, em representação aos familiares do poeta Jorge Barbosa, Amália Lopes disse que a família recebe com “muito apreço” esta homenagem que visa perpetuar a memória do escritor que se estivesse vivo completava este ano 120 anos.

Por isso, considerou Lopes, é uma oportunidade de reavivar a memória daquele que foi e que continua a ser um dos melhores poetas de Cabo Verde.

“Pessoalmente, eu tive a oportunidade de conviver com ele na ilha do Sal quando era funcionário da Alfândega, então pude conhecê-lo ali e apreciar as suas qualidades como pessoa. Jorge Barbosa é um dos poetas fundadores da moderna poesia cabo-verdiana, então vale a pena lembrar sempre e fazer com que o mesmo permaneça sempre na memória das pessoas”, observou a familiar.

Jorge Barbosa nasceu a 22 de Maio de 1902 na ilha de Santiago, fez os seus estudos primários entre Lisboa e a Cidade da Praia. Aos dezoito anos começou a trabalhar na Alfândega de São Vicente. Aposentou-se na Ilha do Sal em 1967. Em 1970, já debilitado, foi viver para Lisboa, onde faleceu em 1971.

Colaborou em várias revistas e jornais portugueses e cabo–verdianos e ainda na revista luso-brasileira Atlântico. A publicação do seu primeiro livro, Arquipélago, em 1935, foi um marco para o nascimento da poesia cabo-verdiana, e por isso é considerado o pioneiro da moderna poesia cabo-verdiana, onde os problemas sociais e políticos passaram a constituir uma das grandes temáticas do escritor.

Jorge Barbosa escreveu ainda Ambiente (1941), Caderno de um Ilhéu (1955, Prémio Camilo Pessanha) e, na altura os proibidos, mas editados mais recentemente, Meio Milénio, Júbilo e Panfletário.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,4 jun 2022 12:26

Editado porAntónio Monteiro  em  19 fev 2023 23:27

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