A mentora do projecto, Darlene Barreto que é filha do músico e compositor Orlando Pantera disse que é muito especial que esta peça esteja em Cabo Verde, porque é uma parte de uma pessoa que representa Cabo Verde.
“Faz todo o sentido apresentá-la em Cabo Verde para os cabo-verdianos. A mensagem será recebida de uma forma diferente e espero que as pessoas estejam presentes, que possam perceber e que possam sair do espectáculo inquietas com a determinação de fazer mais por Cabo Verde”, sublinha.
Para a criadora do espectáculo Clara Andermatt, Pantera está de início ao fim representado através da sua música, das letras, da sua poesia, do homem cabo-verdiano, da mulher cabo-verdiana e do interior de Santiago.
“Fizemos essa viagem em conjunto, todos os intérpretes desta criação são maioritariamente cabo-verdianos, e temos aqui um português que tem uma costela cabo-verdiana, uma pessoa da Guiné-Bissau que é um grande amigo do Pantera. Todos nós deste elenco tivemos o privilégio de trabalhar com o Orlando Pantera e ter uma vivência pessoal e humana com ele”, indica.
Clara Andermatt explicou que esta peça é de dança, música e teatro, “não sabemos onde é que estão as fronteiras, trabalhamos muito a partir de uma emotividade e expressividade cultural e musical, onde os músicos dançam, os bailarinos cantam. Depois há essa polivalência na característica deste povo que são de uma criatividade e de uma transdisciplinaridade que é muito singular e particular”.
Mayra Andrade, que é a convidada especial da peça, disse que fazer parte desta homenagem ao Orlando Pantera era essencial, até espiritualmente é muito importante.
“Foi uma descoberta minha e desses grandes criadores, bailarinos, músicos é um prazer também trabalhar com todo o elenco, acho que cada um trouxe uma pedra importante para este edifício”.
A cantora disse esperar que os cabo-verdianos não percam a oportunidade de ir ver o espectáculo. “Andamos por Portugal a apresentar a peça, mas aqui em Cabo Verde, e em particular na ilha de Santiago, acho que a forma como cada palavra e cada cena será apresentada será absorvida de uma forma muito única”.
Outros palcos
Clara Andermatt disse que gostariam de levar esta peça ao mundo inteiro.
“Estar aqui em Cabo Verde foi um desafio e um esforço muito grande para a companhia e para todos os parceiros envolvidos, é graças aos parceiros desta digressão que podemos estar aqui, é uma máquina pesada que envolve um investimento grande”.
Por isso, afirmou que adorariam ir a Assomada, e aos outros concelhos e de fazer uma digressão mais alargada, mas que é muito difícil. “É mais fácil ir aos outros países da Europa e a Estados Unidos da América, onde o investimento para a cultura é mais significativo”
“Para nós faz muito sentido levar o espectáculo a um público que não vai às grandes salas de espectáculos, é mesmo uma opção, em vez de fazer um investimento de ir para Holanda, França, Alemanha”.
Por isso anunciou que para o ano vão levar esse espectáculo para os bairros periféricos de Lisboa, “quem me dera ir mais longe e poder levá-lo a outros pontos do continente africano”.