Com a paralisação do desfile por dois anos seguidos, devido à pandemia da covid-19, os grupos carnavalescos da Praia almejam a retoma dos desfiles em 2023, mas com o andar da carruagem, temem não poder sair às ruas da capital para o efeito, por falta de verbas.
Conforme adiantou à Inforpress o presidente do Vindos de África, José Gomes, os grupos têm vindo a preparar há muito para o Carnaval 2023, no entanto, até esta data não obtiveram resposta nem da câmara da Praia e nem do Ministério de Cultura e das Indústrias Criativas, relativamente ao desfile.
“Recentemente todos os grupos reuniram-se com a câmara, levamos nossas preocupações, tendo em conta a urgência de informações, já que os grupos não tinham nenhuma informação acerca do Carnaval”, disse.
Na sequência do encontro, continuou José Gomes, a câmara municipal agendou uma conferência de imprensa para o dia 19 de Novembro com o intuito de anunciar aos praienses o Carnaval 2023, entretanto esta foi cancelada, e agora os grupos aguardam a remarcação para o mesmo propósito.
Há seis meses, fez saber ainda, que os grupos carnavalescos da Praia mantiveram um encontro com o ministro da Cultura, Abraão Vicente, que ficou por dar um ‘feedback’, e até agora nada, tendo sublinhado que os grupos é que estão a correr atrás.
“Tendo em conta que estamos a dois anos sem fazer Carnaval, a força e a alma do Carnaval decaíram, então esperamos um pouco mais da autarquia, enquanto organizador, e há que organizar mais a tempo, sabemos que houve constrangimentos, mas não impede, pelo menos, que as informações sejam transmitidas”, realçou José Gomes.
Aquele responsável precisou ainda que os grupos estão preparados, todos com os seus projectos, aguardando uma reacção das autoridades competentes, já que sem verbas dificilmente irão realizar o Carnaval.
“O tempo está a encurtar, só faltam três meses para o carnaval, e ainda não temos nada, São Vicente, por exemplo, já está com o primeiro tranche de mil contos, e ainda não nos foram disponibilizados nenhuma verba”, sustentou o presidente do Vindos de África, grupo vencedor do Carnaval 2019.
No entanto, de acordo com José Gomes, os grupos da Praia já estão “acostumados” em preparar o Carnaval num período mínimo de dois a três meses, porque as verbas são sempre disponibilizadas com atraso, diminuindo a qualidade daquilo que o público prevê.
Por seu lado, o presidente do grupo carnavalesco Intervila reiterou que reuniram com a autarquia, mas não até então não disponibilizaram verbas e nem deram garantia se há ou não Carnaval na Praia.
“O nosso grupo, por exemplo, queria fazer Carnaval sem concurso, porque esse ano o carnaval é cedo, 25 de Fevereiro (…). Até agora a Câmara Municipal não deu nenhum sinal, o ministério da Cultura não falou nada, e os grupos de São Vicente já foram disponibilizados mil contos”, lamentou José Carlos Fernandes.
O responsável do Intervila vincou ainda que sem os montantes os grupos não têm como avançar, ressalvando que só faltam aproximadamente três meses para o desfile, o “tempo está a ficar extremamente apertado”. “Mas é o que acontece sempre, mas este ano ainda não temos nenhuma previsão, estão sem perspectivas”, acrescentou.
Por seu lado, o grupo da Associação Recreativa Samba Jó, João Dias Teixeira, reafirmou à Inforpress que os grupos na Praia estão sem preparativos de Carnaval, visto que a Câmara Municipal não deu ainda nenhuma garantia se há ou não carnaval na cidade da Praia.
“O último carnaval foi realizado em 2019, com a paragem de dois anos devido à pandemia os grupos estão em crise porque não teve como fazer angariação de fundos, o nosso grupo, pelo menos, está completamente despreparado”, realçou.
Conforme precisou, os grupos já deveriam estar a desenvolver os seus projectos, só que a autarquia convocou uma conferência de imprensa para anunciar que “Praia tem carnaval”, mas adiaram, alegando que a “verba não foi desbloqueada”.
“Samba Jó é um grupo com muitas dificuldades, não temos nenhum espaço próprio para preparar o Carnaval. Há mais de três anos solicitamos uma audiência com a Câmara Municipal, mas não nos chamaram, precisamos de um estaleiro para esse fim, mas a mesma tem demonstrado falta de vontade para o Carnaval da Praia”, finalizou João Dias Teixeira.