Carnaval da Praia marcado pelo civismo e atraso nos desfiles

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,22 fev 2023 11:52

​O Carnaval na capital cabo-verdiana foi marcado essencialmente pelo civismo dos praienses, e por cerca de duas horas de atraso nos desfiles justificado pela “demora” na atribuição das verbas para que os grupos preparassem atempadamente.

Era aproximadamente 19:00 quando o grupo Vindos do Mar inaugurou o desfile de regresso da festa do Rei Momo na Avenida Cidade de Lisboa, trocando a ordem com o grupo Samba Jó que se atrasou e desfilou logo a seguir. O fecho do desfile que seria por conta do grupo Vindos d’África foi realizado pelo Bloco Afro Abel Djassi que por volta das 21:50 encerrava o júbilo.

Contudo, antecedendo os desfiles dos quatro grupos oficiais, a folia e a movimentação na capital cabo-verdiana principiou por volta das 16:00, com os grupos de animação Parque 5 de Julho- Diversão, Bididó, Mandigas Ariah de Norte e Comunidade Guineense, seguidos de perto por uma multidão que já aguardava os oficiais festejos.

José Gomes, porta voz da Liga de Carnaval da Praia justificou que, tendo em conta que se trata de um regresso após dois anos de paralisação devido à pandemia da covid-19, o Carnaval 2023 não iguala àquilo que vinha sendo o Carnaval desta urbe, mas ao que parece foi um “bom carnaval”, não obstante os atrasos.

As cerca de duas horas de atraso, segundo o mesmo, já era esperado por ser um ano de retoma e devido aos vários constrangimentos causados, sobretudo pela disponibilização das verbas tardiamente.

“São muitos constrangimentos, os apoios chegam tarde, há questões de segurança para que os figurantes jovens e adolescentes se desloquem para os ensaios, mas de qualquer forma conseguimos ultrapassá-los”, sublinhou José Gomes.

Reagindo às promessas do presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, que asseverou, de forma conjunta, criar condições para um Carnaval com mais qualidade, o porta-voz da Liga das Associações de Carnaval na Praia vincou que a urbe “merece”.

“A nossa vontade é que todas as entidades competentes lancem um olhar ao Carnaval da Praia porque ela merece”, finalizou.

Por outro lado, o director da Cultura e Economias Criativas da câmara da Praia, Adilson Spínola, ressaltou que neste ano de retoma de Carnaval na Praia, a autarquia procurou financiar ao máximo os grupos oficiais, duplicando o valor com a expectativa de ver mais folia na Avenida Cidade de Lisboa.

“Tivemos muita produção e muita articulação principalmente a nível de segurança, com a Polícia Nacional, guardas municipais e segurança privada e estamos a ver muita positividade, ou seja, civismo, como podemos ver a avenida está com muita folia, e uma multidão a presenciar o Carnaval”, sublinhou.

Quanto ao atraso no desfile justificado pelas verbas disponibilizadas aproximadamente um mês antes do Carnaval, o director da Cultura respondeu que os grupos devem trabalhar ao longo do ano para poderem garantir qualidade.

“Porque nem todos os anos as verbas são iguais, os apoios são diferentes, por isso os grupos devem apostar nos fundos próprios e preparar para o Carnaval ao longo do ano com actividades de dança, batucada, formações, é nesse sentido que vamos trabalhar com os grupos para garantir maior qualidade dos desfiles”, salientou Adilson Spínola.

Recorda-se que os grupos estão a ser avaliados por cerca de duas dezenas de júris e o resultado do desfile será conhecido na quinta-feira, 23.

Ressalva-se ainda que o grupo Vindos do Mar da Achada Grande Frente fez uma “homenagem ao mar”, retratando a essência daquela localidade piscatória.

Seguidamente, Samba Jó de Palmarejo apresentou o enredo “Santiago Anel azul outrora e suas maravilhas”, visando participar também das celebrações do Decénio Jubilar dos 500 anos da Diocese de Santiago que arrancou no dia 29 de Janeiro na Cidade Velha Património da Humanidade.

Por sua vez, Vindos d’África neste ano de retoma do desfile optou por homenagear as vítimas da pandemia de covid-19 com um enredo denominado “Esplendor de arco íris” carregado de novidades, muita folia e brilho, mas, acima de tudo, com mensagens positivas apelando à mudança de comportamento da sociedade civil.

Por último, Bloco Afro Abel Djassi da Achada Santo António, comemorou os 20 anos de desfile, num enredo intitulado “herança africana”.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,22 fev 2023 11:52

Editado porDulcina Mendes  em  13 nov 2023 23:28

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