O Prémio Literário Arnaldo França, instituído em parceria pela Imprensa Nacional de Cabo Verde (INCV) e Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), tem como propósito a promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana, Arnaldo França.
O livro “O Sabor da água da Chuva e Outras Memórias da Amiga Perfeita”, de 329 páginas, retrata a evolução histórica de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, recorrendo-se ao “olhar” de duas amigas que ao longo dos cinquenta anos procuram agarrar-se às histórias contadas por ambas através das cartas, após serem separadas ainda na adolescência com apenas treze anos de idade.
“E quando já tem 60 anos, a irmã que ficou em Cabo Verde recorda a vida que tiveram em crianças e como é que as suas vidas se desenvolveram porque uma foi para São Tomé e a outra ficou. E à medida que vão se tornando adultas, os aspectos dos países também vão se transformando”, contextualizou o autor.
Conforme Joaquim Arena, o prémio Literário Arnaldo França estimula os autores e movimenta o mundo literário que engloba editores, escritores e leitores, e nisso destacou a importância de haver prémios na história da literatura cabo-verdiana.
“Receber o prémio foi bom, os prémios são importantes no sentido que estimulam o autor porque, primeiro, aqueles que não são conhecidos acabam por ser conhecidos, e aqueles que têm obras que provavelmente ainda não têm uma editora, depois, com o prémio, vem a edição”, disse, adiantando que já está nos preparativos para um novo livro.
“Estou a preparar um novo livro, já tem algum tempo e vamos ver, há sempre vontade de escrever história, temos pouco tempo mas escrevendo um pouco por dia nós conseguimos ir avançado”, disse.
A obra, vencedora do prémio Arnaldo França 2022, foi lançada pela primeira vez no mês de Junho na ilha do Sal, no âmbito do Festival Literatura-Mundo, depois de muitos trabalhos apresentados em Portugal e na Cidade da Praia.
Joaquim Arena nasceu em 1964, na ilha de São Vicente, filho de pai português e mãe cabo-verdiana.
Aos seis anos, foi viver para Lisboa, onde a família se instalou. Licenciou-se em Direito e dedicou-se à música e ao jornalismo.
A “Verdade de Chindo Luz” foi o seu primeiro romance.
O escritor e jornalista cabo-verdiano é também autor de um ensaio-reportagem sobre os seus antepassados, escravos e trabalhadores livres nos campos de arroz do Vale do Sabo “Debaixo da nossa pele” (2017).