Tikai, 30 anos a fazer teatro

PorDulcina Mendes,25 fev 2024 7:55

Tikai de seu nome próprio, João Pereira, completa, este ano, 30 anos de carreira como actor. A sua carreira nesta área teve início no ano de 1994, no seu torrão natal, Santa Catarina de Santiago, e desde então nunca mais parou. João Pereira hoje é um homem de vários ofícios: actor, cantor, produtor e escritor.  

Tikai conta que está muito feliz por conseguir chegar a três décadas de carreira como actor com muito sucesso, e por fazer vários trabalhos e ter dado o seu contributo à cultura cabo-verdiana.

“Em 1994, quando fundei o meu primeiro grupo de teatro, até à presente data, já produzi mais ou menos 16 filmes e peças de teatro. Então, para mim, isso é muito gratificante”, diz João Pereira.

Apesar de ter encarado o teatro como algo para ocupar o seu tempo livre, Tikai afirma que cerca de 60% da população cabo-verdiana conhece e gosta dos seus trabalhos”.

Isso tornou-se ainda mais evidente quando, em 2009, saiu o meu primeiro filme Nha Fia. Na altura eu vivia em Portugal. Então, o meu irmão disse-me que aqui em Cabo Verde quem estava a comandar era eu e o Benfica. Mas não acreditei, porque era o meu irmão a dizer isso. Só quando regressei a Cabo Verde, em 2010, é que percebi que, de facto, as pessoas estavam a gostar do meu trabalho”, realça.

Tikai fez a sua primeira actuação ao vivo, com cerca de quatro mil pessoas, na Cidade da Praia. “ Foi então que acreditei e perguntei: mas como é possível encher o Parque 5 de Julho com toda essa moldura humana, porque antes eram só os cantores que enchiam o Parque 5 de Julho. De 2009 até agora, já esgotei o Parque 5 de Julho mais ou menos 18 vezes, a apresentar os meus trabalhos”.

Por Cabo Verde ser um país pequeno, ao realizar o seu trabalho já enfrentou problemas a nível financeiro. “É óbvio, porque nós temos um país que é pequeno e o mercado também é pequeno. Não há como uma pessoa pagar mais do que 200 escudos para ir ver um filme. Então, o retorno financeiro fica difícil com as condições que temos para gravar um trabalho como gostaria”.

Isso também dificultou e ainda continua a dificultar Tikai afazer os seus trabalhos de uma forma mais profissional, mas optou pelo essencial, que é, através dos meus filmes, passar boas mensagens e trabalhar os temas que hoje toda a gente já conhece, que têm a ver com o alcoolismo, a gravidez precoce, e outros”, conta.

Outros ofícios

João Pereira disse que já experimentou várias profissões, porque sabe que é difícil viver só da arte em Cabo Verde. “Faço muitas coisas. A nível profissional, eu já fui pedreiro, agricultor, mecânico, carpinteiro e segurança”.

“Quando percebi que não é possível viver só da arte em Cabo Verde, então logo fiquei ciente de que o teatro só serviria para ocupar os meus tempos livres. Em Portugal trabalhei na construção civil como pedreiro durante oito anos. Ao mesmo tempo, estudei, fiz a minha licenciatura em Segurança Social, mestrado em Ciência Política e sempre faço essas coisas. Já fui também Vereador e agora sou deputado suplente. Gosto de estar sempre disponível para dar o meu pequeno contributo para a minha terra” menciona.

Ainda na área cultural, João Pereira é produtor e realizador. “Fico contente pelo dom que Deus me deu, por isso acho que tenho que o pôr ao serviço do meu povo”.

Os trabalhos do actor já estiveram em várias ilhas e na diáspora. “Apresentei os meus trabalhos nas ilhas do Sal, Maio, Fogo, na Boa Vista e nos vários municípios da ilha de Santiago. Também já estive na França, Luxemburgo, Suíça, Portugal e os Estados Unidos da América.

Celebração dos 30 anos de carreira

Após ter comemorado os 30 anos de carreira como actor, no Auditório Jorge Barbosa, na Praia, com “Noti di Konta Partis”, no dia 9 de Fevereiro, João Pereira disse que pretende levar esse evento para outro município.

O actor revelou que no mês de Março, Mês do Teatro, vai disponibilizar ao público a peça “Boita e Raboita des Mundo”, no seu canal de You Tube.

Estou a pensar no mês de Junho, apresentar a peça ao vivo, “Boita e Raboita des Mundo” ou também apanhar as peças antigas, como “Nha Fia”, que muitas crianças gostam e viram, mas nunca tiveram a oportunidade de ver ao vivo.

João Pereira revelou que quer dar o seu contributo a nível da música tradicional, porque numa festa de anos chineses foi cantar o batuque “Tuna Veiga” e o palco encheu-se de crianças a dançar aquela música.

“É isso que quero, que as crianças de hoje ouvissem músicas antigas, que o João Cirilo cantou em 1982. Se vocês viram nos meus filmes, só tenho músicas antigas. E isso também ajuda para que essas músicas nunca morram. Gosto muito de cantar funaná, batuque, e vou continuar tentando, e penso mais tarde fazer uma formação na área da música, porque também são coisas que gosto e pretendo continuar a dar a minha contribuição”, destaca. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1160 de 21 de Fevereiro de 2024.

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Autoria:Dulcina Mendes,25 fev 2024 7:55

Editado pormaria Fortes  em  19 nov 2024 23:25

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