José Gomes fez estas declarações em conferência de imprensa realizada para posicionar em relação à gestão do Carnaval da Cidade da Praia, tendo como pontos centrais a demora na divulgação dos resultados - violação de regulamento, desleixo ou premeditação quando atribuíram o prémio de "Mestre-Sala”.
“Não estamos contentes com o Carnaval da Praia, queremos fazer mais e sabemos que temos capacidade. Não estamos a reivindicar prémios, estamos a reivindicar transparência. Não houve verdade nem por parte do júri nem por parte da câmara, houve instrumentalização e omissão de resultados em benefício de outros grupos”, vincou aquele responsável para quem desde o ano passado tem reparado estas falhas.
Este ano, por exemplo, o grupo Vindos d’África ganhou o prémio melhor “Mestre-Sala” só que o prémio foi atribuído publicamente ao Samba Jó que teve a pontuação de 27,9 e Afro Abel Djassi 28 e Vindos d´África 29,3.
Segundo José Gomes, o presidente do grupo Samba Jó foi notificado sobre este facto e aceitou devolver o prémio, mas até agora estão à espera da Câmara Municipal da Praia efectivar a devolução.
Esta falha, conforme aquele responsável, mostra que houve “muitas irregularidades” na atribuição de prémios no Carnaval da Praia esse ano, tendo sublinhado que já solicitaram à câmara municipal resultados dos outros grupos e até ainda não receberam, tendo alegado ser confidencial.
O grupo Vindos d´África aponta também a “falta de rigor e fundamentação” na atribuição das pontuações, falta de domínio do regulamento por parte do júri.
"Na ordem de desfile, deparamo-nos também com algumas situações em que os grupos se atrasam no desfile, não cumprindo o horário imposto pelo regulamento. Surpreendentemente, mesmo com essas infracções, alguns grupos acabam por vencer o carnaval, disse citando como exemplo o Samba Jó, que no ano passado teve duas horas de atraso e ainda assim foi declarado vencedor, apesar de o regulamento estabelecer que deveria ser desclassificado.
"Outro exemplo, o prémio de Coerência Temática, no qual o Vindos d'África foi vencedor, o que pressupõe que todos os enredos estavam em coerência. No entanto, perdemos rei, rainha, andor, música e figurino. Como é possível vencer a coerência temática assim?", questionou, salientando que o corpo dos jurados foi incoerente e não tem nenhum preparo para avaliar o carnaval.
Além disso, José Gomes indicou que, de acordo com o regulamento, é proibida a publicidade explícita durante o carnaval, com excepção da bateria e do pessoal de logística. O grupo que infringir esta regra está sujeito à desclassificação. No entanto, segundo o mesmo, o Samba Jó este ano fez publicidade explícita em todos os aspectos e não recebeu penalização.
Diante disto, afirmou ainda avaliar se vão desfilar ou não no próximo ano, porque, justificou, há “sinais claros de retrocessos” no Carnaval da Praia, ressaltando que o grupo tem vindo a sofrer por questões políticas sem fazer parte de nenhum corpo político.