“É incrível que depois da independência nacional, nós celebramos tanta independência, mas não tínhamos figuras cabo-verdianas nas ruas. Eu não sou contra os que vêm do colonialismo, mas como é possível, quase 50 anos depois da independência, ainda não termos grandes figuras da cultura não políticas nas ruas. E é este o grande objectivo deste projecto que espero que continue com a mesma paixão. E eu creio que todas essas homenagens de hoje foram mais do que justas”, afirma
Dina Salústio, homenageada, não escondeu a emoção.
“Estou emocionada por este momento. Estou emocionada por ver-vos aqui connosco, quando o Governo nos reconhece como pessoas de bem que engrandecem Cabo Verde com a nossa escrita, ou com o pincel dos artistas plásticos, ou com a música, no caso dos músicos fazer-nos esta pertença é uma honra, porque passamos a pertencer a um grupo que trabalha, que luta por Cabo Verde, juntamente com todos os cabo-verdianos que trabalham e lutam por Cabo Verde”, sublinhou.
A silhueta da escritora foi colocada na praia da Laginha, entrada sul da Enapor, de Nhô Roque e Fátima Bettencourt na Praça infantil Nhô Roque, na Avenida Marginal. Fátima Bettencourt fala na escolha de um lugar onde “se sente em casa”.
“É um lugar que me diz muito, morei aqui nos prédios ao lado durante 12 anos, minhas filhas brincavam neste largo quando não era jardim, então é um lugar que me diz imenso. Eu estou muito bem, então estando aqui, o Dr. Aurélio Gonçalves, que foi meu professor, amigo, mestre, e meu patrono na Academia de Letras, não há melhor lugar do que este”, afirmou.
A escultura do considerado rei da morna, Bana, foi colocada à frente do Centro Cultural do Mindelo, na Avenida Marginal.
Presente na cerimónia, o presidente da câmara Municipal de São Vicente, Augusto Nves, disse que a cultura é a melhor riqueza do povo cabo-verdiano.
“Toda a história contada, escrita, cantada é a nossa identidade. Somos cabo-verdianos pela memória, trajectória, história, por isso estamos extremamente gratos por tudo isso, pelo vosso trabalho, pela vossa dedicação à nossa terra, porque só assim poderemos dizer que somos ricos e fortes. A nossa cultura é uma cultura rica e é a riqueza dessa cultura que faz com que esse país possa se desenvolver. Nós temos essa convicção e essa certeza”, disse.
De recordar que o governo, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, tem em curso um projecto que visa homenagear e deixar o registo, em esculturas, de grandes personalidades e figuras da cultura e vultos da sociedade cabo-verdiana nos municípios que os viu nascer.