Estou a referir-me à cerimónia de abertura da 43.ª Olimpíada de Xadrez que se está a realizar naquela cidade costeira do Mar Negro.
Muita música, clássica e moderna, dança e muita cor serviram para nos contar um pouco da história do xadrez, e para nos deliciar com a qualidade dos intervenientes.
Algumas horas de espectáculo conseguiram, muitas vezes, levar ao rubro os espectadores que enchiam por completo as bancadas daquela arena georgiana.
Mas, para mim, o momento mais importante daquele grandioso e majestoso espectáculo, foi quando, durante a apresentação dos países participantes na olimpíada, foi anunciado o nome de Cabo Verde e em palco surgiu uma jovem transportando a nossa bandeira.
Nesse momento a emoção foi tão grande que uma, depois outra, lágrima banharam-me os olhos. Não consegui, nem quis, controlar a emoção daquilo que estava a viver.
Pela minha mente passou o filme de dez anos da intensa dedicação que tenho dado ao xadrez. Desde o Festival de Xadrez de S. Vicente, realizado em Novembro de 2008, até ao momento presente. Foram muitas horas dadas em prol de uma causa – Xadrez em Cabo Verde e, aquele momento de enorme emoção e significado para mim, foi como que a atribuição de um merecido prémio que eu ofereci a todos os cabo-verdianos em geral, e ao xadrezistas de Cabo Verde em particular, mesmo sendo muitas vezes injustiçado por alguns.
Há dez anos, certamente ninguém imaginaria que este momento acontecesse.
Eu acreditei que era possível, prometendo a mim mesmo que um dia ele aconteceria. Mais uma vez cumpri a minha promessa e, a prová-lo, aí estava a bandeira de Cabo Verde ao lado de mais de 180 bandeiras de outros países participantes, como que calando as vozes daqueles a quem não se conhece obra mas que gostam de contestar e até ofender os que deixam obra feita.
Na segunda-feira, dia dos primeiros jogos da Olimpíada, no hall principal da competição, lá estava hasteada a nossa bandeira, pela primeira vez numa Olimpíada de xadrez, onde permanecerá até ao próximo dia 6 de Outubro, último dia dos jogos.
À hora que estou a escrever estas linhas, estamos quase a entrar em acção, pela primeira vez na nossa história, jogando com o Uruguai. Mas isso, ficará para a próxima semana.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 878 de 26 de Setembro de 2018.