É discutível e argumentáveis que o desporto é frequentemente utilizado de forma incorreta pelos governos como forma de afirmar o seu poder. Este facto é relevante em regimes em que a liberdade democrática é baixa em comparação aos restantes países do mundo. Muitas das vezes encontramos relatos que estes regimes envolvem os líderes das federações desportivas como plataformas de poder.
No passado podemos encontrar evidencias disto mesmo. Apesar de ter vencido a candidatura para acolher o Campeonato Africano das Nações (CAN) de 1996, acredita-se que o governo do Quénia teria realizado os esforços para não realizar o torneio, acreditando que, o mundo teria apoiado uma fação da oposição numa altura em que o organismo que rege o futebol do país era gerido por forças antigovernamentais.
Na África Ocidental, a Serra Leoa e os Camarões continuam a suportar pesadelos políticos nas respetivas federações de futebol. Enquanto o primeiro já tem duas fações provocadas por acusações de corrupção e viciação de resultados, colocando a favor do governo contra a PRÓ-FIFA, esta última viu a FIFA e o Tribunal arbitral do Desporto criarem um comité de normalização para resolver as disputas eleitorais criadas por funcionários em conflito.
O Comité Olímpico do Quénia também foi influenciado por maquinações políticas durante o período após os Jogos Olímpicos Rio2016. É ainda incerto quando os processos judiciais instaurados contra altos funcionários implicados na má gestão dos atletas serão concluídos devido à convicção de que alguns estão alinhados com diferentes campos políticos, o que complica o caso.
Embora os processos de dimensão política sejam necessários para proteger o desporto de negligências através da legislação em vigor, em determinadas circunstâncias são usados para afirmação do poder político. A política intradesportiva também surge longe de lutas comuns das federações e dos governos, por exemplo, com preocupações crescentes entre os chefes do futebol anglófono, questionando por que razão os torneios continentais de futebol estão a ser organizados na África Ocidental, dando assim origem ao descontentamento.
Os regimes incumbentes estão a capitalizar as linhas desfocadas entre o desporto e a política, tendo um grande interesse em usá-lo para manter a sua relevância, lealdade e poder em oposição à promoção da integração e desenvolvimento social através do desporto.
Existe uma linha ténue entre a autonomia das organizações desportivas e a regulamentação dos governos que deve ser balanceada. É um desafio para as organizações de tutela mundial agirem na direção certa, mas a verdade é que é necessária uma profunda reforma e debate associado a este tema.