Figueira da Foz

PorFrancisco Carapinha,9 nov 2020 9:15

Habitualmente, por esta altura do ano (final de Outubro/início de Novembro), é nesta bonita cidade que costumo passar, pelo menos, uma semana.

Figueira da Foz é uma cidade portuguesa situada na foz do rio Mondego, é a segunda maior cidade do distrito de Coimbra e outrora foi conhecida por “Rainha das praias portuguesas”.

Este hábito, iniciado em 2010, tem sempre como pretexto a minha participação no Torneio Internacional de Xadrez, nomeado de Sabir Ali, que ali se realiza.

É claro que aproveito para ver a família, rever amigos, fazer umas compras, deliciar-me com alguma gastronomia do qual sinta saudades e beber um bom vinho. Enfim, relaxar um bocado da vida quotidiana das ilhas crioulas.

Até ao ano de 2015, foi como jogador que participei no Torneio Internacional da Figueira da Foz, dando-me o prazer de ano após ano ir revendo amigos escaquisticos e conhecer outros.

Nos anos seguintes, continuei a rever amigos e conhecendo outros, mas fazendo parte da equipa de arbitragem, sempres comandada, superiormente, pelo meu bom amigo Carlos Oliveira Dias, o reputado árbitro internacional português que já passou algumas vezes por Cabo Verde, tendo inclusivamente arbitrado o nosso primeiro Campeonato Nacional Individual Absoluto.

E foi sobre a batuta de Maestro Dias que, ao longo de quatro anos, arbitrando na Figueira, fui aprendendo grande parte daquilo que hoje sei como árbitro de xadrez.

Foi também na Figueira e sob o seu comando que fui obtendo algumas das minhas normas, primeiro para “Árbitro FIDE” e depois para “Árbitro Internacional”.

Com insistência e perseverança, o também meu amigo Miguel Babo lá tem conseguido, anualmente, colocar de pé um evento de tamanha qualidade, bastando dizer que este torneio na Figueira da Foz chegou a ser, durante muito tempo, o melhor e mais forte realizado em Portugal e, embora hoje já se realizem, em terras lusas, várias competições deste tipo, a Figueira da Foz continua a ter um dos melhores e mais bem organizados torneios portugueses de xadrez.

De registar que a Assembleia Figueirense e o estimado Mota Cardoso têm valorizado o evento, emprestando-lhe o seu prestigio. Este ano, em tempo de pandemia, imagino as dificuldades que o Miguel teve para conseguir realizar o habitual torneio. Com muitos dos habituais participantes, por causa do maldito vírus, a escusarem-se em participar na edição de 2020, entre os quais eu me incluo, só vislumbro dificuldades acrescidas na sua realização.

Felizmente que a Patrícia Costa não foi uma das faltosas e certamente, como sempre, foi de grande e vital importância na realização do torneio deste ano.

Além das normas de arbitragem que obtive na Figueira da Foz, foi também lá que recolhi muitos dos conhecimentos que hoje tenho e que vou colocando ao dispor do xadrez em Cabo Verde.

Durante as edições do Torneio em que participei, fui estabelecendo contactos e recolhendo informações e experiências que mais tarde acabei por utilizar aqui no nosso país.

Foi a partir da minha participação no torneio, em 2010, que o xadrez em Cabo Verde passou a ser olhado com mais atenção, inclusivamente por parte de xadrezistas de outras paragens.

Também pela Figueira da Foz passaram outros jogadores cabo-verdianos, nomeadamente o Carlos Mões, assíduo frequentador desde 2016; o Aguinaldo Vera-Cruz, que no torneio de 2017 obteve o seu primeiro Elo FIDE; o nosso actual campeão nacional, Mariano Ortega que, ainda com a bandeira cubana, participou em 2017; o Luís Barros, que conjuntamente com o Mões e o Aguinaldo, foram os jogadores crioulos a participarem na edição do ano passado.

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Portanto, como podem perceber, por todos estes motivos e mais algum, tenho muita estima pelo Torneio Internacional Sabir Ali, pelo que a minha ausência na edição deste ano me foi bastante dolorosa.

Na verdade, ainda tive agendada a minha ida à Figueira da Foz, mas o avanço que o maldito bichinho começou a ter em Portugal, obrigou-me a repensar se seria prudente arriscar.

Consultado o staff familiar, o aconselhamento foi o de não arriscar e ficar por Cabo Verde.

Acatei o conselho, mas cada vez que saiam notícias ou fotos do torneio, parece que me davam facadas no coração, tanta era a dor e a inveja de lá não estar.

Pelo que me contaram o Torneio de 2020, com todas as condicionantes, acabou por correr muito bem e com fair-play. Espero que em 2021 possamos estar novamente juntos e a Figueira volte a ser o nosso ponto de encontro.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 988 de 4 de Novembro de 2020. 

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Autoria:Francisco Carapinha,9 nov 2020 9:15

Editado porAndre Amaral  em  10 nov 2020 7:03

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