Xadrez no Feminino

PorFrancisco Carapinha,11 set 2023 8:14

 Francisco Carapinha - Presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez
Francisco Carapinha - Presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez

A Federação Cabo-verdiana de Xadrez (FCX), decidiu realizar o Campeonato Nacional Feminino (CNF).

Inicialmente previsto para meados de Julho, só agora, nos primeiros dias de Setembro, é que foi levado a efeito, devido à necessidade de proceder a dois adiamentos. O primeiro, por questões de ordem organizacional e o segundo pela impossibilidade de garantir transporte a atletas e saff.

Mas este segundo CNF, como diria a minha mãe, parece que estava embruxado, pois além dos adiamentos forçados, chegado o dia de os atletas e staff federativo viajarem para a ilha do Sal, a nossa transportadora aérea voltou a fazer das suas e cancelou o voo de S. Nicolau, impedindo a atleta da ilha do Chiquinho de se deslocar a tempo de poder participar na competição. Já o Staff federativo e as atletas de Santo Antão e S. Vicente, devido ao atraso do voo programado, só conseguiram chegar ao local onde decorreu o torneio, uma hora depois daquela a que deveria ter começado o campeonato. Havia ainda que montar todo o equipamento. No entanto, por decisão dos participantes, a primeira ronda, mesmo com um considerável atraso, jogou-se no dia previsto, ou seja, na passada Sexta-feira, dia 1 de Setembro.

Para o segundo dia da competição estavam marcadas duas rondas, uma de manhã e outra à tarde.

Na ronda da manhã, algumas das atletas, provavelmente pouco habituadas ao rigor dos regulamentos, chegaram pouco tempo depois dos 30 minutos da tolerância estabelecida regulamentarmente e depararam-se com o facto de já lhes ter sido averbada derrota por falta de comparência. Entre estas atletas encontra-se a Campeã Nacional que deveria defrontar a vice-campeã de 2022.

A ronda da tarde, tinha o aliciante de se defrontarem quatro das cinco primeiras classificadas.

Sem grande surpresa, esta 3.ª ronda deixou isoladas na classificação Jacira Almeida e Juliana Monteiro, que se enfrentaram no dia seguinte, logo pela manhã, numa partida bastante aguardada. Jacira Almeida, que ao 15.º lance cometeu uma ilegalidade fazendo roque com o rei passando por uma casa atacada pela dama adversária e, por isso, sendo penalizada, já tinha alguma desvantagem desde o 11.º lance e que veio a agravar-se definitivamente a partir do 24.º movimento. Embora ainda tentasse um golpe de sorte, o certo é que Juliana Monteiro não se deixou enganar, acabando por no 54.º lance aplicar xeque-mate à sua adversária.

Com este resultado, Juliana isolou-se no comando do Campeonato e na última ronda bastava-lhe um empate, para que o título de Campeã de 2023 lhe fosse atribuído.

Na ronda final, na mesa 1, repetiu-se o emparceiramento da 2.ª ronda e Juliana Monteiro, de brancas, iria encontrar Célia Rodriguez.

Este emparceiramento repetiu-se porque, na primeira vez não houve jogo. A regra do sistema suíço é de que um jogador não pode defrontar o mesmo jogador mais que uma vez e não de que não pode ser emparceirado com o mesmo jogador mais que uma vez. Como não houve jogo da primeira vez, o emparceiramento foi correcto.

Relativamente à partida, Juliana saiu-se muito bem na abertura e a partir do 10.º lance já tinha alguma vantagem que foi aumentando até ao 24.º lance, altura em que cometeu uma gafe e ficou com a partida igualada. A partir daqui houve altos e baixos, para ambos os lados, até que após o lance 77 das negras, Juliana ficou com uma boa vantagem. Na resposta, o seu 78.º movimento, repetiu pela 3.ª vez a mesma posição e isso ter-lhe-ia garantido o título de Campeã Nacional se tivesse, junto do árbitro, reclamado convenientemente o empate.
Como não o fez, Célia Rodriguez acabou por vir a ganhar a partida e tornar-se bicampeã Nacional Feminina.
Para Juliana Monteiro, foi mais uma jornada de aprendizagem tendo demonstrado que o seu xadrez melhorou consideravelmente.

O pódio deste 2.º Nacional Feminino ficou assim composto:

1.ª – Célia Rodriguez (ODERF – Sal);

2.ª – Juliana Monteiro (Mindelense – S. Vicente);

3.ª – Jacira Almeida (Casa Benfica – Praia).

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1136 de 6 de Setembro de 2023.

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Autoria:Francisco Carapinha,11 set 2023 8:14

Editado porAndre Amaral  em  11 set 2023 8:14

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