No seu primeiro combate de sempre nos Jogos Olímpicos de Paris’2024, David Pina tinha registado a sua entrada vitoriosa com um triunfo nas oitavas-de-final diante do tailandês Thitisan Panmot por decisão unânime do júri (4-1).
Já no combate das meias-finais, o atleta cabo-verdiano de momento, falhou, entretanto, no domingo, 04, o acesso à final dos Jogos Olímpicos de Paris em -51 Kg, ao perder com o usbequistanês, Hasanboy Dusmatov, mas conservou a medalha de bronze, a primeira de sempre para Cabo Verde na maior montra do desporto mundial.
Num combate realizado no Arena Nord, David Pina, que tinha pela frente o “medalha de ouro” nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro’2016, e campeão do mundo, perdeu por 5-0, numa votação unânime dos cinco juízes. Na final, o usbequistanês Hasanboy Dusmatov vai combater com o francês Bilal Bennama.
David Pina termina, assim, a sua participação com a medalha de bronze, a primeira de sempre de Cabo Verde nos Jogos Olímpicos, uma vez que os dois semifinalistas vencidos têm direito a essa distinção do Comité Olímpico Internacional (COI).
A delegação cabo-verdiana foi constituída por 26 elementos, dos quais sete atletas qualificados, cinco treinadores (de boxe, esgrima, judo e natação) seis oficiais de equipa, além do Chefe da Missão, Léo Moreau, um médico, um fisioterapeuta, um preparador físico, um psicólogo e responsáveis da COC.
Esta é a maior delegação de sempre de Cabo Verde (sete atletas) aos Jogos Olímpicos, que arrancaram no dia 26 de Julho e terminam a 11 de Agosto em Paris, onde participam cerca de 10.500 atletas, em representação de 206 Comités Olímpicos.
“Este bronze vale ouro”, David Pina
O atleta cabo-verdiano de momento, David Pina, está eufórico com a conquista da primeira medalha olímpica de sempre na história do desporto cabo-verdiano e considerou que “este galardão se me afigura o Ouro”.
O pugilista, Bolseiro de Solidariedade Olímpica, disse que trabalhou e muito, porque estava focado na conquista de uma medalha olímpica, alegando que não foi fácil, já que teve de fazer “peditório” para adquirir as finanças exigidas para ir buscar a qualificação para Paris’2024, em Bangkok, (Tailândia), onde fez quatro combates que redundaram em outras tantas vitórias e o consequente apuramento. Nesse torneio asiático, na última janela de qualificação, o atleta crioulo alcançou o pleno de vitórias necessárias nos quatro combates para se qualificar, ao deixar pelo caminho pugilistas da Sérvia, Hong Kong, Ucrânia e do Irão na final.
O atleta disse que aceitou o convite do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, para regressar ao país, a fim de ser condecorado, receber um prémio monetário no valor de 500.000$00, estipulado no regulamento governamental de 2022 e, aproveitar a oportunidade para apresentar e partilhar a medalha de bronze com todos os cabo-verdianos.
Pelo meio da preparação olímpica, explicou, teve de suspender os treinos, para ir trabalhar na construção civil, forma encontrada para sustentar a sua família, realçando que só não desistiu das olimpíadas por insistência do seu treinador, o português Bruno Carvalho, a quem considera o principal responsável pela sua conquista.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1184 de 7 de Agosto de 2024.