O futebol foi escolhido para dar o pontapé inicial no projecto por ser um desporto de massa, com um número de praticantes abrangente. Actualmente, a EFAT conta com 190 atletas inscritos, distribuídos por oito equipas e escalões: Sub-7, Sub-9, Sub-11, Sub-12, Sub-13, Sub-15 Masculino, Sub-15 Feminino e Sub-17. Desde a sua fundação, já passaram pela associação cerca de 800 atletas.
A nível competitivo, a EFAT participa regularmente, em âmbito nacional, nos Campeonatos da Liga Play e nos Campeonatos Regionais e, a nível internacional, em torneios como a Barcelos Cup e a Braga Cup.
Edmilson Garcia, presidente da associação, destaca o impacto da EFAT na comunidade de Achada Grande Trás, sublinhando uma mudança significativa na auto-estima colectiva e a redução dos índices de criminalidade. Segundo afirma, através do desporto foi possível intervir de forma estruturada na comunidade, contribuindo para baixar esses índices e criar novas referências para os mais jovens.
Além do futebol
Mais do que uma escola de futebol, a EFAT tem vindo a actuar em diferentes áreas, nomeadamente na cultura, oferecendo aulas de música financiadas através do programa governamental BA-Cultura.
A associação assegura igualmente a gestão do Centro de Dia da localidade, uma iniciativa do Ministério da Família e Inclusão Social, com supervisão do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA). Diariamente, são acolhidas cerca de 50 crianças, que beneficiam de acompanhamento escolar, actividades culturais, aulas de informática, bem como apoio psicológico e terapia familiar.
Protocolos de cooperação
No domínio da educação, foi assinado em 2024 um protocolo entre a EFAT e o Instituto de Desenvolvimento Social, uma escola profissional sediada em Lisboa, Portugal, que permite a jovens da comunidade dar continuidade aos seus estudos naquela instituição durante três anos.
Recentemente, um grupo de sete jovens de Achada Grande Trás foi contemplado com o projecto, encontrando-se já em Portugal desde o mês de Outubro. Em 16 de Setembro, outros seis estudantes beneficiaram igualmente da possibilidade de prosseguir os estudos na mesma escola.
O presidente da EFAT realça a importância desta oportunidade, uma vez que permite aos jovens ingressarem no ensino profissional mais cedo do que é habitual em Cabo Verde. Enquanto no país o ensino profissional continua a ser maioritariamente acessível após a conclusão do 12.º ano, a escola portuguesa possibilita esse ingresso desde o 9.º ano, de acordo com a área de interesse de cada aluno.
Os estudantes frequentam cursos profissionais com equivalência ao 12.º ano, nas áreas de Intérprete Actor/Actriz, Mediador/a Intercultural, Técnico/a de Apoio à Gestão Desportiva e Técnico/a de Serviços Jurídicos.
Este protocolo constitui apenas um dos progressos alcançados pela EFAT ao longo dos anos. A associação continua a levar jovens atletas a torneios internacionais e alguns deles já actuam profissionalmente, sobretudo em Portugal. Mesmo os jovens que seguem para estudar no estrangeiro mantêm ligação à escola, continuando como atletas e tendo a possibilidade de tentar uma carreira desportiva. Estima-se que cerca de 30 jovens estejam actualmente fora do país, tendo, directa ou indirectamente, passado pela EFAT para concluir os estudos ou dar continuidade ao seu percurso desportivo.
Novidades
Uma das grandes novidades em preparação é a negociação de um protocolo com uma grande equipa portuguesa, que permitirá criar uma verdadeira escola de formação em Achada Grande Trás e abrir novas oportunidades para a associação. O nome do clube ainda não foi divulgado, mas poderá situar-se entre o Benfica, o Porto ou o Sporting.
Paralelamente, a EFAT iniciou, em Novembro, as obras de construção da sua sede, com o objectivo de melhorar as condições de funcionamento e de realização das actividades. A nova infra-estrutura incluirá espaços destinados à sustentabilidade do projecto, como um auditório com capacidade para 150 pessoas, um cinema comunitário, um dormitório, um refeitório, um restaurante e um bar.
Sustentabilidade financeira
A sustentabilidade financeira continua a ser um dos principais desafios da associação, sobretudo no que diz respeito à participação das equipas em torneios internacionais. Muitas vezes, é necessário assegurar os custos de viagem e de obtenção de vistos, sendo que as restantes despesas são normalmente suportadas pelos anfitriões.
Outros encargos prendem-se com a renda, a manutenção da escola, a aquisição de equipamentos e as despesas correntes. Em 2024, foi acordado com os pais e encarregados de educação o pagamento de uma taxa mensal de 500 escudos. Ainda assim, a direcção garante que nenhuma criança fica de fora por incapacidade de pagamento, recorrendo-se ao apoio de parceiros sempre que necessário.
Apesar das dificuldades, a persistência é apontada por Edmilson Garcia como uma das maiores conquistas da EFAT. Ao longo do percurso, a associação manteve-se fiel ao seu propósito, resistindo aos obstáculos e preservando os valores que orientam a sua intervenção social e educativa.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1256 de 24 de Dezembro de 2025.
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