“A questão de como financiar a industrialização [num contexto de crescimento fraco das economias e de dívida pública excessiva] é fundamental, e uma das questões em que podemos ajudar é na capacidade de dar aconselhamento informado, dizer o que funcionou e não funcionou e não repetir erros, o que às vezes até é mais importante que simplesmente atirar dinheiro para o problema”, defendeu Adesina.
Num pequeno-almoço com os jornalistas em Busan, na Coreia do Sul, que marcou o arranque dos Encontros Anuais do BAD, Adesina disse que, nos próximos dez anos, “o BAD espera investir entre 30 a 35 mil milhões de dólares para financiar a industrialização” e acrescentou que “esse investimento pode ser alavancado até 65 mil milhões de dólares”.
O objectivo final, apontou, é “fazer o PIB industrial de África passar de 700 mil milhões de dólares para 1,7 a 2 mil milhões, mas para além disso, importa o impacto na economia real, porque nessa altura o PIB geral africano poderá ter subido para 5,6 biliões, e isto é o montante que precisamos para conseguir que as pessoas saiam da pobreza e que se criem empregos”.
O plano do BAD nesta área está assente em quatro pilares, explicou o presidente do banco: “apoio à agricultura, que é o caminho mais rápido para a industrialização, apoio no desenvolvimento de clusters industriais e zonas económicas especiais, apoio no desenvolvimento de políticas industriais e apoio no financiamento das infra-estruturas, como estradas, portos e logística”.
Os recursos dos governos podem vir dos impostos, mas não só, explicou Adesina: “Os governos recebem anualmente em impostos cerca de 500 mil milhões, é muito dinheiro, o Investimento Directo Estrangeiro também é enorme, passou de 10 mil milhões em 2010 para 60 mil milhões actualmente, também é uma boa quantia, e depois há que mobilizar capital nos mercados financeiros, e temos feito esse papel importante”, respondeu Adesina quando questionado sobre como podem os Estados africanos contornar os constrangimentos financeiros para apostar na industrialização.
“Nós, nas instituições financeiras multilaterais, temos um papel muito importante, fornecemos acesso a capital mais barato, não é possível industrializar com financiamentos de curto prazo, é preciso financiamento de longo prazo e sustentável, e podemos mobilizar dinheiro nessa área, mas também em eventos com o Fórum Africano de Investimento e apostar em fundos de pensões, investidores institucionais e fundos soberanos para investirem fortemente em África”, vincou o governador.
A reunião dos governadores do BAD tem como tema oficial ‘Acelerando a Industrialização de África’, e decorre num contexto de crescimento fraco no continente e de dívida pública excessiva.
Os Encontros Anuais são uma das maiores reuniões económicas sobre o continente africano, juntando chefes de Estado, accionistas de referência no sector público e privado, governadores dos 80 bancos centrais que são accionistas do BAD e académicos e parceiros para o desenvolvimento.