Em declarações à Inforpress o administrador da BVC, Isidoro Gomes, disse que um mercado secundário activo vai conferir liquidez aos títulos da dívida pública, facilitando a entrada e a saída dos investidores, mitigando os riscos e permitindo a mobilidade antecipada de poupanças.
Por outro lado, indicou que essas medidas vão aumentar a base dos investidores, actualmente integrada apenas por bancos, instituições financeiras e algumas outras instituições e aumentar também os títulos negociados no mercado secundário.
“Neste momento temos 182 títulos de dívida pública admitidos à cotação. No entanto, durante o ano de 2018 apenas dois títulos foram negociados no mercado secundário. Com o aumento da liquidez e da base de investidores, o número de títulos transaccionados também aumentará”, explicou.
Essa situação, realçou, vai contribuir para a geração de um preço de referência para a dívida pública cabo-verdiana, o que significa que os investidores vão poder beneficiar de um referencial para avaliar as obrigações e bilhetes do tesouro, durante toda a sua vida, isto é, até à sua maturidade, ou seja, até ao prazo de vencimento.
Isidoro Gomes salientou que o aumento de títulos negociados vai contribuir ainda para aumentar a eficiência dos leilões no mercado primário, garantir a consolidação e internacionalização da Bolsa de Valores e fazer com que Cabo Verde seja reconhecido como uma praça financeira de referência.
“No geral, com a dinamização do mercado secundário o Estado cabo-verdiano obterá um importante suporte no que que respeita à colocação da sua dívida no mercado primário, diversificando as suas fontes de financiamento, tendo a Bolsa de Valores como instrumento de suporte”, salientou o administrador da BVC.
Em finais de Maio, o Governo reunido em Conselho de Ministros, aprovou um projecto de decreto-lei, que contempla um conjunto de medidas para dinamizar o mercado secundário de titulo da dívida pública, tanto do lado da oferta como também da procura.
O executivo entende que a emissão da dívida pública, exclusivamente pela via do mercado primário, “não tem promovido a verdadeira concorrência” entre os diferentes agentes económicos.
Do lado da oferta falou-se na adopção de contratos de liquidez, da criação do lote suplementar de emissão condicionada, a adopção de contrato do fomento do mercado e a regulação dos acordos de recompra.
Pelo lado da procura, as medidas tomadas têm a ver com a criação da sociedade de aforo em dívida pública, a emissão de certificados “back to back” e a atracção de investidores institucionais internacionais, visando “revitalizar e dinamizar o mercado secundário da dívida pública”, tornando-o “atractivo, robusto e competitivo”.