Numa análise regional, a África sub-saariana, onde Cabo Verde se insere, é apresentada como a zona do mundo onde há mais corrupção. Segundo o estudo, apenas 8 dos 49 países que integram esta zona de África conseguem uma pontuação acima de 43 pontos num total de 100.
“Apesar dos compromissos assumidos pelos líderes africanos ao declararem 2018 como o ano anti-corrupção, isso ainda não teve uma tradução prática”, aponta a Transparência Internacional.
Com 66 pontos em 100, as Seychelles são o país africano melhor classificado seguido por Botsuana e Cabo Verde com 61 e 57 pontos respectivamente.
Numa análise global, a África sub-saariana consegue 32 pontos e é a zona mais corrupta a nível global ainda que seguida de perto pela Europa de Leste e a Ásia Central que têm um total acumulado de 35 pontos.
A África sub-saariana mantém-se como “uma região de fortes contrastes políticos e socioeconómicos”, aponta a Transparência Internacional.
O estudo prossegue: “Embora um grande número de países tenha adoptado princípios democráticos de governança, muitos ainda são governados por líderes autoritários e semiautoritários. Regimes autocráticos, conflitos civis, instituições fracas e sistemas políticos sem resposta continuam a minar os esforços de combate à corrupção”.
Globalmente, IPC revela que mais de dois terços dos países avaliados obtiveram menos de 50 pontos, com a pontuação média a situar-se nos 43 pontos.
Em sete anos, apenas 20 países registaram melhorias significativas nas suas pontuações, entre os quais figuram a Argentina e a Costa do Marfim.
Em outros 16 países, onde se destacam a Austrália, Chile e Malta, as classificações pioraram de forma significativa.
Os Estados Unidos (71 pontos) perderam quatro pontos e, pela primeira vez desde 2011, saíram do grupo dos 20 países líderes do IPC, caindo da 16ª para a 22ª posição. O país é referenciado como Estado a monitorizar.
“A descida acontece num contexto em que nos Estados Unidos está ameaçado o sistema de pesos e contrapesos e quando se regista uma erosão das normas éticas no nível máximo de poder”, aponta a Transparência Internacional.
Os restantes países registaram poucas ou nenhumas melhorias, segundo a TI.
Cabo Verde sobe três lugares
A tabela continua a ser liderada pela Dinamarca (88 pontos) e Nova Zelândia (87 pontos) com os últimos lugares a serem ocupados pela Sudão do Sul e Síria (13 pontos) e Somália (10 pontos).
Como já foi referido, Cabo Verde é o terceiro país mais bem classificado na África sub-saariana, a seguir às Seychelles e ao Botsuana, e o 47º a nível mundial, num universo de 180 países e territórios.
Além de Cabo Verde, também São Tomé e Príncipe registou pontuações acima da média dos países de África Subsaariana, a região com pior prestação no Índice de Percepção da Corrupção.
São Tomé e Príncipe manteve os 46 pontos e a 64ª posição que tinha na edição anterior do Índice.
Angola manteve os 19 pontos da avaliação anterior, mas subiu dois lugares, passando do 167º para o 165º.
Em sentido contrário, o Brasil caiu dois pontos e nove posições, a pior pontuação em sete anos, no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), sendo apontado como um dos países a monitorizar.
A avaliação anual promovida pela organização Transparência Internacional (TI), com sede em Berlim, revela ainda, entre os países lusófonos, quedas significativas de Timor-Leste (14 posições) e de Moçambique (5 posições) e subidas de Cabo Verde (3 posições) e Angola (2 lugares).
“O Brasil caiu dois pontos desde o ano passado para os 35. É a mais baixa pontuação no Índice de Percepção de Corrupção em sete anos», aponta a Transparência Internacional (TI).
A pontuação do Brasil fica também abaixo dos 44 pontos de média do continente americano, ocupando a posição 20 entre os 32 países.
A perda de pontos, numa escala em que zero corresponde a países com altos níveis de corrupção e 100 a países livres de corrupção, resultou na referida queda de 9 posições, da 96ª para 105ª.
“Com promessas de acabar com a corrupção, o novo Presidente [brasileiro, Jaier Bolsonaro] deixou claro que governará com ‘mão de ferro’, ameaçando muitas das conquistas democráticas alcançadas pelo país”, aponta a TI.
Timor-Leste perdeu três pontos em relação ao índice de 2017, passando de 38 para 35, o que lhe valeu uma descida 14 posições, da 91ª para 105ª.
O país é destacado no Índice no grupo de países da região Ásia-Pacífico que no último ano perderam dois ou três pontos, onde se inclui também a Austrália (77), Bangladesh (26), Maldivas (31) e Vietname (33).
“Estes países partilham alguns factores que contrariam os esforços anticorrupção, onde se inclui a falta de instituições democráticas fortes e independentes que sirvam de pesos e contrapesos e a existência de governos centrais autoritários que limitam ou suprimem a imprensa livre e a participação dos cidadãos”, adianta a Transparência Internacional.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 896 de 30 de Janeiro de 2019.