O aviso surgiu horas depois de um míssil ter atingido a zona verde (área mais segura de Bagdade após a invasão do Iraque, em 2003), aterrando a menos de 1,5 quilómetros da embaixada dos EUA.
Nenhum ferimento foi relatado e nenhum grupo reivindicou ainda o ataque de domingo à noite.
Pouco depois, o Presidente Donald Trump publicou, na rede social Twitter, um aviso para que o Irão não volte a ameaçar os Estados Unidos sob pena de enfrentar “o seu fim oficial”.
Na semana passada, os Estados Unidos mandaram sair do Iraque todo o pessoal diplomático não essencial, aumentando a tensão na região.
A Casa Branca enviou também navios de guerra e bombardeiros para o Golfo Pérsico na sequência de alegadas ameaças iranianas.
O porta-voz militar do Iraque, o brigadeiro Yahya Rasoul também divulgou hoje no Twitter que as forças armadas de Bagdade estão a trabalhar “dia e noite” para garantir a segurança dos cidadãos, das missões estrangeiras e das empresas locais e internacionais.
Hoje, dois influentes religiosos xiitas e um líder político – todos com fortes ligações ao Irão – avisaram que o Iraque pode ser, mais uma vez, apanhado no meio de um confronto.
O país tem mais de 5.000 militares norte-americanos no seu território, mas também muitas milícias apoiadas pelo Irão, algumas das quais exigem a saída das forças dos Estados Unidos.
O líder religioso xiita iraquiano Moqtada al-Sadr afirmou hoje que qualquer partido político que arraste o Iraque para uma guerra Estados Unidos-Irão “é um inimigo do povo iraquiano”.
“Essa guerra seria o fim do Iraque”, considerou Moqtada al-Sadr, lembrando que o que o país precisa é “de reconstrução”.
Também Qais al-Khazali, líder da Asa’ib Ahl al-Haq (ou Liga iraniana do Grupo dos Justos, um grupo paramilitar xiita iraquiano activo na guerra civil iraquiana e na guerra civil síria), divulgou no Twitter que se opõe a operações para “fornecer pretextos para uma guerra” e acrescentou que isso só “prejudicaria as condições políticas, económicas e de segurança do Iraque”.
Para o Iraque, de maioria xiita, ser palco de guerras por procuração não é novo.
O país está na linha divisória entre o Irão xiita e o mundo árabe sunita, liderado pela Arábia Saudita, e tem sido o cenário da rivalidade saudita-iraniana pela supremacia regional.
Depois da invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, para derrubar o ditador Saddam Hussein, soldados norte-americanos e milícias apoiadas pelo Irão foram protagonistas de várias batalhas no país.