O líder dos empresários da região do Sotavento de Cabo Verde, que representa as ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava, fez a consideração durante um encontro na cidade da Praia, para discussão de projectos, oportunidades, instrumentos e medidas de incentivo ao sector privado.
Para Spencer Lima, 2020 será "o ano das empresas e dos empresários" cabo-verdianos, já que têm vindo a ver as suas reivindicações serem atendidas, com melhorias no ambiente de negócios e uma "postura diferente e positiva" do actual Governo.
O empresário notou que várias coisas já foram feitas e soluções foram encontradas, sobretudo no financiamento às empresas, e que já há resultados positivos, mas considerou que é preciso maior rapidez na tomada de certas medidas.
O maior problema dos empresários cabo-verdianos tem sido o acesso ao financiamento bancário, segundo Spencer Lima, indicando que o Governo tomou uma série de medidas para facilitar o acesso ao financiamento, criando unidades como a Pró Empresa, Pró Garante e Pró Capital.
"Mas isso tem que contar também com a participação dos bancos", pediu, entendendo que ainda há "alguma desconfiança" dos bancos em relação aos empresários - com "alguma razão" por causa dos créditos malparados -, mas pediu uma "maior abertura do sistema".
"Não é possível combater o desemprego em Cabo Verde sem a participação das empresas", afirmou o representante dos empresários, que considerou que "não é nada" a injecção no ano passado de mais de nove milhões de euros às pequenas e médias empresas.
Entretanto, afirmou que o anúncio feito esta segunda-feira pelo primeiro-ministro de quintuplicar as garantias de crédito bancário às empresas este ano "vai melhorar grandemente" a situação financeira das empresas, embora precise de continuar a aumentar.
No que diz respeito aos transportes marítimos, considerou que a reestruturação do sector é um "grande passo", ao atribuir o serviço a uma concessionária, e que nos transportes aéreos foi encontrada uma solução, apesar de ainda não responder às necessidades.
Prova disso, alegou, é que os preços das passagens aéreas no país ainda continuam elevados, notando, por isso, a necessidade de haver concorrência no sector, para se poder baixar os preços.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, foi o convidado para a abertura do encontro, anotou as preocupações e reivindicações e considerou ser positivo o sentido crítico dos empresários.
O chefe do Governo referiu que há oportunidades e o país tem potencial para ir mais além, mas a economia precisa crescer mais e para isso espera contar com um sector privado forte e dinâmico.
Ulisses Correia e Silva apontou as melhorias no sistema de financiamento, nomeadamente uma política fiscal mais amiga das empresas, com redução do Imposto Único sobre o Património (IUR), isenção fiscal, bonificação de taxas de juros e partilha de riscos de crédito bancário.
"Temos um Governo pró-activo em termos de parcerias com as organizações empresariais e com os empresários, é evidente que nós precisamos crescer ainda mais, fazer a economia ganhar maior dinâmica e isso implica o Estado, através do Governo, os empresários e todos aqueles que querem exercer uma actividade económica produtiva", afirmou o primeiro-ministro.
No que diz respeito à eficiência da administração pública, uma crítica antiga dos empresários cabo-verdianos, o governante notou que, além da mentalidade e atitude, devem ser mudados também os procedimentos e os processos, uma vez que existem muitos pequenos poderes em todos os serviços e com vida própria, que atrasam a tomada de decisões.
"A administração pública ainda não é aquela que nós todos ambicionamos, mas com forte investimento na economia digital, na informatização e na digitalização, pensamos que nos próximos tempos podemos ter uma administração muito mais eficaz e eficiente, que reduz os tempos de resposta", prosseguiu Ulisses Correia e Silva.
Para o primeiro-ministro, a situação está "muito melhor" do que estava há alguns anos e o facto de o país estar a crescer e de ter investimentos a acontecerem é "sinal de dinâmica", que entretanto quer melhorar.