Os números registados pela ASA em 2019 apontam para um decréscimo dos voos domésticos em todos os aeroportos nacionais, mas, em compensação um aumento significativo do movimento de aeronaves e passageiros a nível internacional.
A diminuição da disponibilidade de voos interilhas, os horários e os preços praticados, além do estabelecimento de novas tarifas máximas, publicadas pela Agência de Aviação Civil, AAC, podem estar na origem desta quebra nos voos domésticos, registada em todos os aeroportos de Cabo Verde mas, com maior expressividade no Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na cidade da Praia, o actual hub doméstico da Binter que registou uma taxa negativa de 10.7 por cento, traduzida em quase 40 mil passageiros a menos, quando comparado com o ano anterior.
Pelos mesmos motivos, todos os aeródromos nacionais, Fogo, Maio e São Nicolau, seguiram a mesma tendência e, terminaram o ano em baixa, com destaque para o aeródromo de São Nicolau, que registou menos 1.559 passageiros, em relação ao ano homólogo.
Uma fonte privilegiada contactada pelo Expresso das Ilhas, considera que as companhias aéreas que operam no mercado doméstico devem ter em consideração a sazonalidade, aumentando os voos por exemplo para São Nicolau, em épocas específicas e de maior procura, por exemplo, época do carnaval, verão e Dezembro, épocas das férias dos emigrantes.
Acredita que esta tendência nos voos domésticos poderá ser revertida em 2020, graças à entrada da Cabo Verde Airlines no mercado dos voos interilhas (voos para SV, Praia e s. Felipe), bem como a recente aprovação em Conselho de Ministros de um novo regulamento que contempla uma obrigação às transportadoras aéreas licenciadas de comercializar, em cada ano civil, tarifas domésticas, representando 10% dos lugares disponíveis em cada linha. Com um desconto de 40% em relação ao valor praticado pela companhia.
“No entanto, há que considerar ainda a opção por via marítima que, se aproxima de uma situação mais estável, com barcos mais rápidos, qualidade de serviço, pontualidade e regularidade, podendo ser uma alternativa de ligação entre as ilhas, para os passageiros que antes preferiam os transportes aéreos”.
Preços mais competitivos, diminuição do tempo de viagem e aumento das ligações por mar, graças à aquisição de novas embarcações podem ditar uma concorrência mais acirrada entre o transporte doméstico por via marítima e por via aérea.
A variação negativa nos voos domésticos foi contrabalançada pelo aumento do tráfego internacional, o que garantiu que a ASA pudesse terminar o ano com um saldo positivo, traduzido em mais 69. 699 passageiros em 2019, quando comparado com os números registados em 2018.
No total, “movimentaram-se nos aeroportos de Cabo Verde 2 milhões, setecentos e setenta e um mil, novecentos e trinta e um passageiros, representando um aumento de 2.6%, em relação ao período homólogo”, pode ler-se no relatório da ASA.
Este aumento em todos os aeroportos internacionais do país, deve-se a um conjunto de factores. A entrada em funcionamento de um novo resort do grupo RIU, na ilha da Boa Vista contribuiu significativamente para o crescimento superior a 12 por cento do tráfego internacional no Aeroporto Aristides Pereira.
O Aeroporto Cesária Évora, na ilha de São Vicente registou um aumento do número de passageiros em 13.7 por cento, traduzido em 12 mil passageiros a mais, em relação ao ano anterior e ainda 13.2 por cento, no movimento internacional de aeronaves, ou seja, mais 109 aviões em relação a 2018, pode ler-se no documento oficial divulgado pela ASA.
Essa performance positiva está directamente ligada ao aumento de voos da Tap Air Portugal (que opera todos os dias da semana), para a ilha do Monte Cara, sendo por isso, Lisboa a principal cidade emissora de passageiros para o AICE, com uma quota de 81.4 por cento.
Em relação à FIR (região de informação de voo) Oceânica do Sal, ou seja, a gestão do espaço aéreo nacional continua a ser a principal fonte de receitas da ASA – Aeroportos e Segurança Aérea, compensando assim a gestão dos aeroportos que na sua grande maioria os resultados são negativos, com excepção dos aeroportos do Sal e da Boa Vista, tendo registado um aumento de 13 por cento em 2019, seguindo a mesma tendência dos anos 2017 e 2018. Em 2018 o aumento foi de 14 por cento, conforme o boletim estatístico de tráfego da empresa pública de gestão dos aeroportos.
A Tap Air Portugal destaca-se como a principal operadora a sobrevoar o espaço aéreo nacional em 2019, com uma quota de 17.7 por cento em relação às restantes operadoras. No Top 15 de operadoras que sobrevoam o espaço aéreo de Cabo Verde, destacam-se ainda a TAM, a Iberia e a Air Europa.
Apenas a Thomsonfly e a South African Airways registam valores negativos nos movimentos de sobrevoos, em relação a 2018.