Agências de viagens descartam reembolso das passagens

PorSheilla Ribeiro,4 jun 2020 14:58

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As agências de viagens nacionais não vão fazer o reembolso dos bilhetes de viagem aos passageiros que não conseguiram viajar por causa da COVID-19. Entretanto, irão permitir a reutilização dos bilhetes num período de um ano, conforme explicou ao Expresso das Ilhas o Presidente do Conselho Fiscal das Agências de Viagens e Turismo (AAVT), Edmilson Mendonça.

Segundo este membro da Associação das Agências de Viagens, enquanto intermediários de viagens e turismo, as agências têm apoiado todos os clientes na questão da reutilização e alteração das viagens causada pela pandemia de COVID-19, além de estarem em contacto permanente com as companhias aéreas.

“Aquilo que as companhias aéreas têm dito, a maioria, é que nas viagens afectadas pela COVID-19, os clientes não vão perder o seu dinheiro. As companhias vão permitir a reutilização dos bilhetes de viagem por um período de um ano. Portanto, a maioria das companhias, tanto internacionais como nacionais, não vai fazer o reembolso monetário,” esclareceu Edmilson Mendonça, garantindo que no caso de as companhias optarem pelo reembolso monetário, as agências também irão então reembolsar os clientes.

Edmilson Mendonça admitiu ainda que as dificuldades das agências são “grandes”, pelo facto de os aeroportos estarem fechados há quase três meses.

“A situação é complicada porque num momento em que nós não temos vendas, temos um conjunto de custos que temos que arcar e não podemos fugir às nossas responsabilidades. Por exemplo, o pagamento da renda, electricidade, comunicações, salários dos funcionários, entre outros serviços que já estavam contratados”, justificou.

Entretanto, esclareceu, caso a caso, as agências negociam com alguns fornecedores. Alguns facilitaram os pagamentos, mas, conforme disse, há outros que não aceitam o não pagamento.

Relativamente às medidas anunciadas pelo governo, Edmilson Mendonça afirma que apesar de serem “todas bem-vindas”, a maioria “não saiu do papel”. Isto porque, especificou, há pouca celeridade e muita burocracia na efectivação das mesmas, salvo no que tange ao layoff.

“No caso do layoff, o INPS justificou, é algo novo para eles, a maior parte dos pedidos de layoff já foram atendidos, mesmo a Direcção Geral do Trabalho, que na fase inicial estava muito complicada, mas acabou por nos dar uma boa resposta”, apontou.

Conforme este entrevistado, a maior parte das agências suspenderam alguns contratos de trabalho, de forma a poderem pagar despesas correntes.

Estado: bom cliente, mau pagador

“Em relação à questão de verbas ou créditos de clientes antigos, o Estado é um dos nossos principais clientes e é um dos nossos maiores devedores. Praticamente quase nenhuma agência recebeu o pagamento das facturas antigas que o Estado tinha, o que torna tudo mais complicado”, apontou.

Com vista no futuro, Edmilson Mendonça informa que a Associação das Agências de Viagens fez um conjunto de propostas que já foram submetidas ao ministério do Turismo, para permitir a retoma de actividades das agências de viagens num 'novo normal', de forma a impedir que fechem as portas e consequentemente despeçam os funcionários.

Uma dessas medidas, mencionou, é o reforço das medidas iniciais anunciadas pelo executivo.

“O layoff por exemplo, vai terminar agora no final de Julho, mas os aeroportos ainda estão fechados, e possivelmente daqui até ao final do ano as viagens tanto nacionais como internacionais vão ser muito condicionadas. Muitas pessoas não vão fazer viagens de turismo lá fora ou de fora para aqui, então as nossas actividades ainda vão continuar a ser impactadas por mais alguns meses. Assim, uma das medidas que pedimos ao governo é renovar o layoff por mais um três ou seis meses”, pontuou.

Uma outra medida, relata, diz respeito a negociar com o governo ajuda para elaborar um pacote de formação para todos os associados, de modo a que as agências possam estar em sintonia com esse novo desafio, que passa por uma nova forma de gerir e atender os novos turistas.

“Outra medida interessante que podemos adiantar é apoiar todos os nossos associados na sua transformação digital. O novo turista vai passar a utilizar cada vez mais o meio digital para comprar pacotes turísticos, para comprar viagens e outros serviços”, finalizou.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,4 jun 2020 14:58

Editado porSheilla Ribeiro  em  16 mar 2021 23:20

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