O gerente do Ginásio Sila, Ivanildo Delgado, mais conhecido por Mece, confirmou à Inforpress a “situação complicada” que vivem, com várias despesas fixas, entre renda de casa, electricidade, funcionários e outros, para pagar todos os meses, mas sem ter qualquer rendimento.
Algo que, segundo a mesma fonte, tem tentado “remediar” através de negociações com o senhorio, fornecedores e outros, já que a única solução apresentada pelo Governo é recorrer ao crédito.
“Mas, para mim isso não é ajuda, porque podemos aderir ao crédito agora, mas a crise maior da pandemia de COVID-19 parece estar mais à frente, e quando isso acontecer já estaremos com uma dívida em relação aos bancos”, defendeu Mece, com a visão de uma “cadeia de complicação” que afecta os ginásios, tanto agora, como mais tarde.
Com os mesmos problemas, a gerente do GORH Ginásios, Ivone Mendes, disse estar numa “tremenda corrida” para tentar dar vazão às despesas e prolongar os prazos para os pagamentos, já que também se encontra de portas fechadas desde 23 de Março.
“Optamos por não recorrer a essa solução de crédito, porque ficaria bem pesado, ainda mais quando nem tínhamos uma data para reabrir”, considerou a ‘personal trainer’ que também ficou sem esse segundo rendimento durante o estado de emergência.
Éder Castro, proprietário do Ginásio Energia, sente o mesmo “sufoco”, já que, embora tenha recorrido ao lay-off, os seus funcionários só conseguiram receber a parcela paga pela segurança social no mês de Abril, não mais que isso.
“Sem rendimento e praticamente sem ajuda, é essa a nossa realidade”, descreveu este jovem, que também decidiu não colocar mais uma preocupação em sua cabeça com o empréstimo bancário.
Agora, todos os ginásios em São Vicente, que se juntaram há três semanas e expuseram as preocupações semelhantes numa carta ao Ministério do Desporto, colocam a esperança na reabertura autorizada a 15 de Junho.
Uma “luz no fundo do túnel”, que ainda assim traz outras dores de cabeça devido às várias medidas sanitárias a adoptar a partir de agora, conforme desabafou Mece.
“Já estamos há quase três meses sem qualquer rendimento e para abrirmos temos mais um custo, isto quando temos um negócio que é por época e com altos e baixos”, justificou a mesma fonte, referindo aos custos para adquirir álcool-gel, viseiras e máscaras para funcionários, alinhamento das superfícies, produtos para desinfectar as máquinas, lotação a 50 por cento e ainda clientes só com hora marcada.
Tanto GORH, como Energia confirmaram já estarem com algumas dessas medidas impostas ainda antes de encerrarem os ginásios, mas também se ressentem dessas novas despesas.
“Estamos a preparar-nos para seguir todas essas instruções. Mas de repente podem dizer que não podemos abrir. Mas, se isso acontecer já será trágico”, sustentou Ivone Mendes, do GORH, que apela à ajuda do Governo, caso isso aconteça com a nova evolução epidemiológica da ilha de São Vicente, neste momento com um novo caso importado.
Éder Castro considerou, por seu lado, valer a pena reabrir e ter algum rendimento, mesmo com restrições, mas também vê um “futuro incerto”, em que não se sabe o que trará.
Isto porque, segundo a mesma fonte, caso houver novos casos em São Vicente, os ginásios serão os primeiros a serem encerrados, tendo em conta que são considerados “lugares de alto risco de propagação da COVID-19”.
O Ministério da Saúde confirmou esta quarta-feira mais 11 casos de COVID-19 na Cidade da Praia, totalizando 477 o número de infectados a nível do país.